Lu Mattos apresenta seu universo “Poptrópicosfera” em show que exalta a diversidade musical
Nova bolha se formando? O futuro das ações de empresas de tecnologia
Confesso que demorei um pouco para escrever a coluna desta edição. O que as pessoas querem saber sobre o mercado financeiro? Fiquei me perguntando e, dando uma ‘zapeada’ costumeira pelas redes sociais, percebi que boa parte dos assuntos das webconferências tem girado em torno da inovação e da tecnologia. Pensei. Que assunto batido esse lance de tecnologia. Mas, como tem sido importante nos dias de hoje, uma vez que ainda estamos vivendo no meio de uma pandemia e muitos ‘sobrevivendo’ em seus afazeres graças a ela, à tecnologia… bem, ‘voilà’!
Mas… o assunto aqui é outro. Quero falar sobre as ações das empresas de tecnologia. Se o assunto está ‘bombando’, as ações também devem estar. E estão! Para se ter uma ideia, somente em 2020, em plena pandemia e retração da economia em escala mundial, as ações das principais empresas de tecnologia mundiais tiveram valorização de mais de 30%. Lembre-se: nossa Selic está em 2,25% a.a. e os juros dos bancos dos Estados Unidos estão entre 0 e 0,25% a. a.
Facebook, Apple, Amazon, Microsoft e Google. O que essas cinco grandes empresas têm em comum? Além de comporem a sigla FAAMG, elas também são as empresas que mais ‘puxaram’ o Nasdaq em mais de 20%, apenas em 2020. Outro detalhe no mínimo curioso e assustador é que a fortuna de Jeff Bezos (se não sabe quem é, corre para o Google!) é avaliada em quase 172 bilhões de dólares (faça você mesmo a conversão para nossa moeda e abra ainda mais a boca rsrs). Apenas a título de comparação, nossa maior empresa listada na [B]³ (Brasil, Bolsa, Balcão), a Vale, vale (sem trocadilhos) 300 bilhões… de reais.
Já a empresa do mega empreendedor Elon Musk passou a ter maior valor de mercado do que (pasmem!), a Toyota. A Tesla, fabricante de carros elétricos, está cotada em cerca de 260 bilhões de dólares (dados de meados de julho/2020), enquanto a Toyota ficou para trás com seus quase 203 bi. Também a título de comparação, a Tesla vale três vezes mais do que a Ford e a General Motors juntas! Somente em 2020, a empresa de Elon Musk viu seu valor de mercado se valorizar em mais de 160%.
Legal! Então, vou vender minha kombi, penhorar meu apartamento e investir tudo em Tesla. Calminha aí. Vamos aos números contábeis: a receita da Tesla no ano passado foi de 26 bilhões de dólares, parece muito, mas quando comparado com as principais empresas do setor automobilístico, especificamente a General Motors, Ford, Fiat, Chrysler, Honda, Daimler e até mesmo a Ferrari, esse valor é 27 vezes… menor. Ou seja, a receita dessas seis empresas foi de aproximadamente 730 bilhões de dólares. E o que isso quer dizer? Toda essa discrepância pode indicar a formação de uma bolha?
A questão é que, ao meu ver, pode ser plausível acreditar em um crescimento exponencial de empresas de tecnologia que ainda são startups ou que possuem uma longa jornada pela frente. Contudo, botar fé em grandes empresas que já tiveram um grande crescimento mundial, acreditando que elas ainda podem se valorizar exponencialmente, ainda com números extremamente discrepantes em relação ao valor de mercado e os dados contábeis, me parece extremante arriscado. Que nos tenha servido de lição a “bolha ponto com” dos anos 2000…