Márcio Silva Produtor cultural e fotógrafo mineiro se consagra em editoriais de moda internacionais

Márcio Silva Produtor cultural e fotógrafo mineiro se consagra em editoriais de moda internacionais

Por Camila Martucheli – Fotos Marcio Silva

Com 38 trabalhos publicados em revistas de moda e arte em diversos países, como França, Índia, Itália, Argentina, Japão e outros, o fotógrafo mineiro Márcio José Cândido da Silva, de 43 anos, vem se destacando nacional e internacionalmente.
“Em um dos concursos que participei um indiano viu e gostou do meu trabalho, especialmente com modelos negras e me apresentou a oportunidade de fotografar para revistas internacionais. Eu pedi meu cunhado para intermediar a conversa, pois não falava inglês, fiquei um pouco desconfiado no início, mas depois deu tudo certo”, revela.
Todo esse sucesso lhe rendeu o selo INSPIRATION PORTRAIT, oferecido pela comunidade internacional de fotográfica internacional. Neste ano, teve ainda sua foto tema “Minha Cidade Minha Arte” publicada no livro URBS BRASIL, por meio do Concurso Nacional Novos Fotógrafos, promovido pela Vivara Editora Nacional, cujo tema foi “Cidades em Tons de Cinza”.
“Comecei publicando material gratuitamente e outras revistas começaram a ver meu trabalho e entrar em contato comigo. Assim, revistas de vários países começaram a pedir material exclusivo e, em parceria com a modelo Chay Miguel, fomos produzindo e até conquistando capas. Além disso, estou participando de vários concursos, que ainda não posso revelar. Também desenvolvo projetos de fotografia sociocultural, como um que já está sendo programado, chamado Rainhas Negras”, conta.
Entre 2019 e 2021, ele participou do Brasília Photo Show, o maior Festival de fotografia popular do Brasil, além de ter idealizado o projeto sociocultural Pretas no Branco em 2019. “Atualmente, me considero especialista em arte conceitual e moda. Também estou empreendendo no mercado da moda, com o lançamento de uma marca de roupas voltada para a cultura afro, chamada Tribus Raízes”, conta.
No entanto, nem só de cliques de sucesso e empreendedorismo vive Márcio Silva, ele também tem forte atuação no meio cultural e artístico de Minas Grais, atuando como produtor cultural e artístico no Centro Cultural Alto Vera Cruz, pela Fundação Municipal de Cultura, além de ter sido gestor cultural da Central Única das Favelas (CUFA-MG). É ainda professor de dança, coreógrafo, DJ, iluminador cênico e dançarino especializado em forró pé de serra e universitário, bem como na Dança Kizomba.
“A fotografia apareceu na minha vida como um presente, assim como a dança. Foi em 2017 que comecei a fotografar, ainda no amadorismo, mas já tinha um olhar artístico. Comecei por necessidade de registrar os projetos que estava trabalhando. Então, busquei mais conhecimentos em cursos para melhorar minhas fotos. Em 2019, fiz minha primeira exposição, em parceria com a modelo Chay Miguel. Desde então acabei me interessando por esse universo da moda. Foi essa exposição que acabou fazendo com que minha carreira de fotógrafo deslanchasse”, revela.

 

Dedicação às artes e à cultura

O fotógrafo e gestor cultural Márcio Silva é também idealizador de vários projetos voltados para a valorização da cultura, especialmente a afro e aquela produzida na periferia. Sempre voltado para as artes, ele idealizou e criou, entre outros, o Projeto Bart Coxa 2001; o Projeto Jornal Forró Em Foco; e foi diretor do Grupo Cultural Negros da Unidade Consciente (NUC), entre 2003 e 20013, e um dos coordenadores da CUFA – MG na região leste, além de atuar como integrante da Comissão Local de Cultura da L4, na regional Leste no Centro Cultural Alto Vera Cruz.
Recentemente, Márcio Silva participou do documentário ‘Vem pro Alto Vem pra Laje’, como entrevistador, um projeto realizado pelo Cine Vida. Destaca-se que em seu currículo ainda consta dezenas de eventos nos quais atuou ativamente na produção ou como idealizador. Entre eles, o Festival Rootstock Brasil, o Arraiá Cultural da Paz e a Ação Social Newton.
Toda essa história profissional voltada para a arte começou com o evento Tonelada de Forró, em 1991, quando Márcio Silva atuou com o grupo de dança de rua Cross Line Dance. Nesse grupo, permaneceu durante sete anos, realizando diversas apresentações e vencendo vário concursos.
Antes de se enveredar pelo mundo dos catálogos de moda e fotografias, Márcio Silva é um artista especializado em dança. Em 1998, iniciou seus estudos e, com o passar do tempo, desenvolveu seu próprio estilo, criando um método exclusivo de ensino. Há 11 anos, então, se dedica a lecionar aulas de Forró. Sempre dedicado aos estudos, fez residência artística de seis meses na Cia será quê?, estudou West Coast Swing com os campeões internacionais do Esa Bem Morris e Melissa Rutz, além de ter tido aulas com o professor brasileiro Diego Borges, professor da dança dos famosos de 2011 e campeão de dança nos Estados Unidos.
“A dança veio por meio de amigos e me salvou da depressão que estava desenvolvendo na época e que não sabia ao certo. Vivia algumas problemáticas, as quais consegui superar por meio da arte. No início meus pais não aceitaram bem minha escolha pela arte. No entanto, depois de me apaixonar pela dança de rua, descobri na dança de salão um meio de sustento e ajudar com as despesas de casa”, salienta.

 

Militância social e história de vida

Importante ressaltar que Márcio Silva sempre esteve envolvido com ações comunitárias e busca a valorização da cultura da periferia. Foi em 2001 que ele se assumiu como líder comunitário no bairro Alto Vera Crus e criou, juntamente com seu irmão Marco Jefferson e seu amigo Warley de Carvalho (Garça), o Projeto Bart Coxa. Nesse projeto, Márcio Silva atuou como professor, possibilitando, ao todo, o atendimento de cerca de 1.000 jovens e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Como membro do Grupo NUC, conseguiu firmar parceria com a Secretaria do Estado de Defesa Social, por meio do Programa Fica Vivo. Com vários projetos voltados para a dança, conseguiu atingir muitas pessoas, que passaram a ter uma vida cultural ativa na comunidade.
Tudo isso começou em virtude de sua história de vida. “Minha infância foi conflitante, como a vida de toda criança e adolescente de classe baixa. Meus pais são pessoas humildades que não tiveram oportunidade de terminar os estudos. No entanto, embora tenha tido uma infância humilde, nunca me faltou nada, seja alimento ou roupa. Fiz grandes amigos na infância, poucos, mas que carrega até os dias de hoje”, lembra Márcio Silva.
Para o futuro, ele tem vários projetos na arte, entre eles a participação em concursos, um livro autobiográfico, um livro fotográfico e ensaios com o público LGBT. “Ainda não tenho recebido por publicar minhas fotos em revistas internacionais, sou sempre convidado a expor meu trabalho. No entanto, me sinto honrado em representar o Brasil internacionalmente, principalmente por expor a beleza das mulheres negras brasileiras”, finaliza.

Saiba mais:
https://marciosilvasblog.tumblr.com

 

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