VERBO GERÚNDIO – VÍCIO DE LINGUAGEM

Edição 07 13/05/2013 RONAN GOMES

A classe dos verbos é uma das mais fascinantes da Língua Portuguesa. É uma palavra que flexiona em pessoa, número, tempo, modo e voz. E, além disso, pode indicar, entre outros aspectos: ação, estado, fenômeno, ocorrência, desejo. O verbo possui três formas nominais: infinitivo, particípio e gerúndio.

O gerúndio expressa uma ação em curso. Uma ação demorada. Veja este exemplo:

Vou estar pesquisando sobre esse caso. (verbo pesquisando – gerúndio), não é a mesma coisa se dizemos: Pesquisarei sobre esse caso.

O uso do gerúndio pode ser necessário, pois a ação realmente está em curso:

Estamos conversando ao telefone.

Mas, em alguns casos, seu uso se torna um vício de linguagem. É o caso de usarmos o gerúndio em situações em que a ação não pode ser prolongada ou não está em curso.

Imagine esse dialogo entre você e uma atendente de uma empresa de telefonia celular. Você liga para cancelar uma linha.

- Bom dia senhor, em que poderia estar ajudando?
- Gostaria de cancelar meu número de celular.
- O senhor gostaria de estar cancelando sua linha?
- Não gostaria de estar cancelando, gostaria de cancelar.
- Pois não. Vou estar transferindo o senhor para o setor de cancelamento.

Nesse momento você pensa: “Meu Deus, isso vai demorar mais que eu esperava. Ela vai estar transferindo. Esse processo de transferência vai demorar. Por que ela não disse simplesmente: - Vou transferir o senhor para o setor de cancelamento”.

E o diálogo poderia continuar com uma infinidade de verbos no gerúndio, deixando a conversa enrolada. O fato é que o uso abusivo do gerúndio caracteriza vício de linguagem, e não é adequado em uma comunicação mais formal.

O diálogo acima não precisaria parecer uma embromação. Poderia ser mais direto, claro, objetivo.

- Bom dia senhor, em que poderia ajudar?
- Gostaria de cancelar meu número de celular.
- O senhor gostaria de cancelar sua linha?
- Sim.
- Pois não. Vou transferir o senhor para o setor de cancelamento.

Que maravilha seria se as coisas funcionassem. Poderíamos viver melhor.

Ronan Gomes

Especialista em práticas de ensino em inclusão de pessoas com deficiências, professor de língua portuguesa/literatura na rede de Ensino de Contagem, revisor e escritor.