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Texto e Imagem

Edição 03 05/12/2011 ARTE E CULTURA

 ed_03_pag_55_1Refletir sobre o diálogo do texto de Guimarães Rosa e as imagens de Arlindo Daibert foi a proposta da obra “Mapas de Arlindo Daibert”, de André Melo Mendes

De um lado um desenho, uma pintura e uma fotografia. Do outro um amontoado de letras, palavras e frases. As imagens e os textos são bem mais complexos do que as definições acima. Muitas vezes essas duas linguagens se completam e se misturam criando várias possibilidades expressivas de interpretações. E é exatamente essa complexidade que é retratada na obra do escritor e pesquisador das imagens, André Mendes.

O autor ressignifica a obra tanto de Arlindo Daibert, quanto de Guimarães Rosa, apontando novas releituras do trabalho desses autores. “O texto pode e, muitas vezes, deve ser entendido além do conteúdo. A maneira como ele é disposto na página e até as cores que se utiliza para escrevê-lo ampliam o seu significado. Da mesma forma as imagens podem expressar mais do que meras representações dos objetos. Existem textos que funcionam mais como imagem do que como texto”, ressalta ele.

No livro, André Mendes analisa como o trabalho do artista plástico Arlindo Daibert, intitulado “Imagens do grande sertão”, está longe do conceito tradicional de ilustração, entendida como explicação visual da narrativa. Segundo o autor, a obra de Daibert se aproxima muito mais da postura do tradutor ou mesmo do criador. “Seus desenhos e xilogravuras podem ser entendidos como imagens que pensam sobre o romance de Rosa. Basicamente, a diferença entre as imagens que argumentam e aquelas que pensam é que as primeiras não dão espaço para a subjetividade do leitor, enquanto as imagens complexas se propõem a pensar junto com ele”, enfatiza.

Em suas análises, o autor mostra que Guimarães Rosa criou um mapa sobre o sertão, um mapa que não era igual ao território. Daibert criou, a partir desse mapa, um novo mapa, ampliando as representações do romance “Grande sertão: veredas”. O livro de André Mendes deixa para o leitor a possibilidade de conhecer esses mapas e de perceber a integração entre a literatura e as artes visuais.

Significações na rede

ed_03_pag_55_2Por muito tempo as imagens foram consideradas meras ilustrações dos textos, onde eram vistas como uma arte subordinada à escrita. O que se vê atualmente, no entanto, é uma intermidialidade entre as artes e as mídias, onde esse preconceito antigo está sendo questionado.

Para o autor, as interações imagéticas, textuais e sonoras são uma realidade presente nos meios virtuais e, ainda, pouco exploradas pelos pesquisadores. O surgimento das novas tecnologias e a facilidade cada vez maior de acesso à rede vem possibilitando novas produções de sentido. “É preciso olhar para essa nova relação que se configura entre imagem, som e texto”, afirma.

Produção do livro

ed_03_pag_55_3“Mapas de Arlindo Daibert” foi o resultado da pesquisa de doutorado do autor, defendida por ele em 2008, junto ao Programa de Pós-graduação em Letras, Estudos Literários da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. Ao todo foram quase dez anos de pesquisa para que o autor conseguisse alcançar o resultado esperado. “O grande desafio foi o de transformar uma obra feita para um fim acadêmico em uma publicação que pudesse ser lida por um público mais amplo e diversificado. Praticamente reconstruí todo o texto para tornar a leitura mais leve e melhor compreendida”, destaca ele.

Outra característica interessante da obra é a sua própria construção gráfica, que foi toda pensada para viabilizar o diálogo entre obra e leitor. “Até a gramatura do papel foi levada em consideração. Optou-se por uma gramatura mais leve para facilitar o ato de folhear”, afirma Mendes.

O pesquisador publicou ainda o livro “A complexização do objeto artístico – uma análise da obra de Angela Lago”, resultado de sua dissertação de mestrado (2001). Com a obra, Mendes conquistou dois prêmios importantes: Prêmio Moinho Santista (2002) e Prêmio Literário Cecília Meireles (2008). O ruído como produtor de sentido nas artes plásticas e na publicidade constitui o objeto de pesquisa da próxima publicação do autor, que já está em andamento.

Por Fabiana Senna | Fotos: Divulgação

*Ilustração da chamada: Elder Marques

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