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Rendimento do atleta

Edição 04 31/03/2012 RAFAEL VICENTE

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Como dizia Dona Dica (sábia mãe de um grande amigo meu): "Cabeça que não pensa o corpo padece". Inicio assim, meio que tentando responder a pergunta inicial. Há muito tempo a sabedoria popular e de nossos avós, intuitivamente já dava respostas a perguntas que cientistas, preparadores físicos, psicólogos, técnicos e outros profissionais da área esportiva, há alguns anos começaram a entender: “mens sana in corpore sano1” .

Bom, mas, para ilustrar o tema, acho que vale a pena relembrar uma história, que muitos de nós já vivemos. Todo esporte, no começo, é como aprender a andar de bicicleta. Quando eu era criança, caia todas as vezes que tentava. Até que um colega mais velho (o Quinzinho), lá do bairro JK, certa vez falou: – sobe na bicicleta que eu te seguro. Ele começou a empurrar e eu “Despingolei” pela rua X. Quando me dei conta, percebi que o “co-piloto” já não estava mais segurando a “magrela”, mas continuei a pedalar e nunca mais me esqueci. Naquele dia, talvez tenha conhecido a mesma sensação que um trapezista experimenta ao lançar o seu corpo no vazio, certo de que o outro trapézio virá ao seu encontro: confiança.

Confiança é a palavra chave. “Quem quer que esteja fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo. Mas, quem junta a um corpo em forma uma cabeça bem cuidada é capaz de feitos excepcionais.” Quem disse isso foi Alexander Popov, melhor nadador da Olimpíada de 1996.

Mas como explicar que atletas, reconhecidamente talentosos, vitoriosos e brilhantes, de repente deixem de render o esperado?

Inegavelmente a cobrança e pressão são proporcionais ao glamour, valorização e assédio que os protagonistas de eventos esportivos recebem. Mas, cada um assimila e reage a essas situações de uma forma diferente. Desde a pré-adolescência os desportistas se submetem a cargas de treinamentos pesadas e em razão da disciplina (muitas vezes rígida) que é imperativa para se atingir o autorrendimento, se privam de muitas oportunidades afetivo-sociais (amizades, vida escolar e entretenimentos) que são naturais nesse momento da vida. Entendem alguns, talvez a melhor fase de nossa existência. De acordo com Piaget “A afetividade é considerada a energia que move as ações humanas, ou seja, sem afetividade não há interesse nem motivação”.

Nessa luta em busca do auge da forma física e técnica, outras coisas importantes são deixadas de lado, pois "não se pode perder o foco". Afinal o sonho de ser um atleta de elite também está vinculado à possibilidade de grandes ganhos e talvez a tal independência financeira.

Entendo que o custo-benefício é subjetivo, e mais ainda, nada garante o sucesso, que mesmo quando alcançado, pode não estar consumado. Fazendo uma analogia: no esporte (principalmente no futebol) vive-se uma ansiedade constante - diferentemente da maioria das profissões -, é como deslizar em um tobogã, que hora esta-se em cima, outras em baixo. Esta ansiedade somada à insegurança, cobrança, pressão e carências afetivas, pode sim refletir na queda do rendimento, pois em algum momento da vida profissional, a mente poderá cobrar.

Uma mente bem cuidada envolve vários fatores psicoemocionais: autoestima, inteligência emocional, afetividade etc. “Além de contribuir para a performance de atletas, se deve trabalhar para transformá-los em pessoas mais realizadas e felizes. Mais do que atletas, pessoas melhores”, disse Suzy Fleury, renomada psicóloga do esporte.

É comum ouvirmos torcedores insatisfeitos dizerem a frase: “se eu ganhasse o dinheiro que eles (jogadores) ganham, eu jogaria todos os dias e até comeria a grama”. Mas é sempre bom lembrar que a quantidade de reais, dólares ou euros que um profissional do esporte ganha, não muda a sua condição de ser humano, falível. E mais... Na vida do atleta os binômios alegria-tristeza, conquista-derrota, ansiedade-tranquilidade se alternam dos 13 aos 30 e poucos anos, e de forma quase que intermitente. Já na descida de tobogã ou montanha russa, o friozinho na barriga dura apenas alguns segundos.

Fontes:
Revista de divulgação técnico-científica do ICPG - http://pt.scribd.com
Wikipedia : 1 Citação latina, derivada da Sátira X do poeta romano Juvenal and Persius.


Rafael Vicente
Empresário da área de comunicação
rafaelvicenteferreira@gmail.com

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