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Produção Mineira em Hollywood

Edição 02 05/10/2011 ARTE E CULTURA

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Cesar Raphael abre portas no mercado cinematográfico norte-americano com a produção do seu primeiro longa-metragem baseado no premiado curta “Pedaço de Papel”

O sonho de criança que aos poucos vira realidade. Essa é a sensação experimentada pelo jovem cineasta mineiro Cesar Raphael, 25. Apesar da pouca idade, ele se aventura na produção do longa-metragem inspirado no premiado curta “Pedaço de Papel”, também de sua autoria. A co-produção Brasil-EUA está orçada em US$5 milhões, e o início da pré-produção está previsto para novembro deste ano.

“Quando eu era pequeno, a minha brincadeira favorita era brincar de cinema”, conta o jovem, que desde muito cedo se rendeu aos encantos da Sétima Arte. Segundo Thiago Bento, 24, primo e parceiro de Cesar, a “brincadeira” continua. “A gente nasceu trabalhando junto. Só que a parte chata sempre foi a minha. O Cesar tinha uma grande ideia, mas era eu que tinha de viabilizá-la.”

A brincadeira ganhou corpo. Ainda na adolescência, os dois criaram uma pequena empresa chamada Jam Produções para atender a uma demanda de trabalhos escolares. O resultado surpreendeu a todos e motivou os jovens a seguir com o trabalho que pagaria a dívida com os parentes – os garotos fizeram empréstimos para comprar os equipamentos. Assim vieram os pequenos eventos, como filmagens de casamentos e festas de debutantes.

Em 2005, a dupla deu um passo maior e fundou a C&T Filmes para produzir vídeos empresariais. Na faculdade – Cesar em Cinema e Thiago em Publicidade e Propaganda – os então sócios da C&T decidiram unir a experiência adquirida e criar, em 2006, a Lumiart – empresa que daria suporte ao maior sonho da dupla: o filme “Pedaço de Papel”.
“Esses pequenos trabalhos proporcionaram a condição mínima para a gente fazer o que queria: produzir cinema. Principalmente para transformar a nossa menina dos olhos (“Pedaço de Papel”) em realidade”, lembra Cesar.

Produção do longa

O filme vai ser estruturado em diversas narrativas, baseadas nas histórias dos seis protagonistas do curta: “Pedaço de Papel”. Segundo Thiago, o objetivo é contar com pelo menos um grande nome do cinema nacional no elenco para mesclar com o grupo de atores norte-americanos.

As filmagens devem durar cerca de 40 dias, com 80% das locações feitas em Los Angeles (EUA) e o restante no Rio de Janeiro. O lançamento está programado para o segundo semestre de 2012. O projeto vai ser escrito por Cesar e pela roteirista norte-americana Amanda Moresco. Para trabalhar no projeto, o jovem cineasta teve de se mudar para Los Angeles, no início de 2011.

Cesar e Thiago montaram uma joint venture (associação de empresas), para a captação de recursos para a produção do filme. A Lumiart detém 65% das ações. “Conseguimos cerca de R$400 mil para iniciar a produção e criar a base necessária para a prospecção e o financiamento”, afirma Thiago. A produção vai na contramão do cinema nacional, que, em grande parte, é financiado pelas leis de incentivo à cultura. “Grosso modo, o nosso longa será financiado por empréstimos. É um empreendimento de risco”, pondera Thiago, diretor executivo da Lumiart.

O mercado prioritário para a distribuição do filme é EUA, Canadá e Brasil. “É muito difícil vender o filme no roteiro. Por isso, optamos por gastar esse valor de US$ 5 milhões na produção. Com o filme pronto, o nosso poder de barganha aumenta. Acreditamos no nosso potencial. É uma loucura o que estamos fazendo, mas as coisas estão dando certo”, conclui Thiago.

Pedaço de Papel

O curta aborda a relação sociedade-dinheiro e aonde as pessoas vão para consegui-lo. Lançado em 2009, no festival latino-americano de Bruxelas, na Bélgica, “Pedaço de Papel” começou a colecionar prêmios nacionais e internacionais. No Brasil foi apresentado ao público em 2010, no Palácio das Artes, reunindo mais de 700 pessoas. Na Europa foi exibido também no Festival de Cinema Independente de Cannes. O reconhecimento conquistado rendeu a oportunidade da produção do longa-metragem.

Orçado inicialmente em R$400 mil, o projeto teve aprovação para captação de recursos pela Lei Rouanet de incentivo à cultura, mas Cesar e Thiago não conseguiram captar o montante com as empresas procuradas. Assim o curta acabou produzido de forma independente, sendo custeado pela Lumiart. No total foram gastos R$80 mil: R$40 mil para a produção e o restante para distribuição e divulgação.

Com a redução do orçamento, o trabalho de mais de 200 profissionais envolvidos -equipe, elenco e figuração - se deu por meio de permutas e apoios culturais. Além disso, o projeto contou com apoio de entidades e de empresas de Minas Gerais.

“Teve muita gente que riu da minha cara. As pessoas falavam: ‘Esse roteiro com essa verba não vai dar certo’. Mas eu acho que quando a gente tem um objetivo, temos que ir até o fim para alcançá-lo. Tem que ter uma força de vontade de aço”, analisa o diretor.

Parceria com Bobby Moresco

O projeto recebe o apoio do diretor e roteirista Bobby Moresco, vencedor do Oscar em 2005 de Melhor Roteiro Original com o filme “Crash – No Limite” e produtor também do premiado “Menina de Ouro”. A parceria entre a Lumiart e o diretor norte-americano foi anunciada no palco do Los Angeles Brazilian Film Festival, edição 2011. Um incentivo a mais para a nova empreitada. “Participamos de fóruns e de palestras, marcamos reuniões, participamos de festivais de cinema. A ideia era angariar fundos e parcerias para o nosso projeto do longa. A nossa proposta é bem parecida com a do ‘Crash’. Por isso, entramos em contato com Jéssica Moresco, filha e assessora do Bobby. Ela levou ‘Pedaço de Papel’ para ele assistir. Ele adorou o filme. Depois ele ligou para marcar a reunião e acabou apadrinhando o nosso projeto. Mas o caminho até chegar a essa condição foi longo”, recorda Cesar.

Para Thiago, as expectativas com a parceria o impulsionam ainda mais na produção do longa. “O Bobby comprou a ideia do projeto. Ele falou que acreditava na gente, o que abre várias portas. A princípio, isso já é fenomenal”.

Bate-Bola

Revista Viva Grande BH: Por que você optou por um filme com ausência de falas?
Cesar: A proposta inicial foi fazer algo universal. Ausência de falas e de escrita foi pensada para que tivesse um sentimento universal. A narrativa do filme pode acontecer em Belo Horizonte ou em qualquer grande metrópole do mundo. Queríamos transmitir mensagens universais e não locais. A música é a oralidade do filme. A trilha é pontuada e cronometrada com as ações.
Revista Viva Grande BH: No filme, vocês trabalham com uma ideia que vai do profano ao sagrado. Primeiro vocês mostram esse lado sujo e perverso que o dinheiro traz para depois mostrar que nem tudo está perdido, que ainda existe um lado bom. Por quê?
Cesar: Todo filme tem que levar a audiência em uma montanha-russa de emoções. E depois dessa montanha-russa, o diretor deve trazer o espectador de volta são e salvo. É isso que eu tentei expressar com a última cena. Afinal, é o título do filme: um “pedaço de papel”.
Thiago: O objetivo da Lumiart é fazer cinema, levando valores sociais. Pensar o lado social e o lado moral, gerando uma mensagem positiva. E criticando vários outros lados sem, no entanto, abdicar da qualidade técnica e do entretenimento. Unir o entretenimento de alta qualidade à reflexão social e à mensagem positiva foi a proposta do filme.
Revista Viva Grande BH: Até onde vocês iriam por esse pedaço de papel (o dinheiro)?
Cesar: No fim das contas é um pedaço de papel. E isso deve ser a consequência e não o objetivo final.
Thiago: A gente tem que ir até onde estão os nossos sonhos, sem deixar valores éticos e morais de lado.

Prêmio recebidos:
• Melhor Diretor para Cesar Raphael e Melhor Curta-Metragem (2º colocado) – Los Angeles Reel Film Festivals (2009)
• Melhor Curta-Metragem Gasparilla International Film Festival (2010)
• Melhor Diretor para Cesar Raphael e Melhor Curta-Metragem The Indie (San Diego’s Independent Film Festival – 2011)
• Melhor Curta-Metragem Los Angeles Brazilian Film Festival (2011)

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Por Fabiana Senna l Foto: Ricardo Walker

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