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PORQUE DOAR É UM ATO DE AMOR

Edição 11 27/06/2014 SAÚDE

Apesar do aumento da taxa de doadores efetivos no Brasil, índice não alcança a média prevista.

Por Aline Teodoro

Corpo humano, máquina dotada de diversas peças que se dividem em: célula, tecidos, órgãos e sistemas (genital, nervoso, endócrino, esquelético, muscular, digestivo, respiratório, circulatório, linfático, excretor). Como todas as máquinas, quando uma peça para de funcionar é primordial a substituição imediata da mesma, do contrário, o resultado pode ser fatal.

Há 46 anos o Brasil entrava para a história da medicina mundial. Seis meses após uma equipe médica na África do Sul, realizar o primeiro transplante de órgãos do mundo, o estado de São Paulo sediava a primeira alocação de coração. Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos - ABTO, em 2013 houve um crescimento de 5% na taxa de doadores efetivos. E pela primeira vez o país fechou o ano abaixo da média prevista.

Como funciona

O cadastramento de pacientes para a realização de transplantes na esfera pública e privada é realizado pela equipe médica via Sistema Integrado de Gerenciamento do Sistema Nacional de Transplantes (SIG- SNT), que está disponível para os serviços credenciados via internet. Em Minas Gerais, houve uma queda de 7,2% na taxa de doares efetivos.

Para entender a matemática é preciso conhecer quais sãos os tipos de transplantes que podem ser realizados em vida ou após a morte. Rim, pâncreas, medula óssea – se compatível, parte do fígado e do pulmão, são órgãos que podem ser doados em vida. Os demais, como: córneas, coração, ossos, pele e valvas cárdicas, só podem ser doados após a morte.

Segundo Lei nº 10.211, de 23 de março de 2001, qualquer pessoa, se parente até quarto grau, ou cônjuge que esteja apto a doar, pode ser um doador. Em casos de nenhum parentesco, só é possível mediante autorização judicial.

Até 22 de dezembro de 2000, segundo a mesma lei, para se tornar um doador era necessário constar esta informação na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação. A partir daí, substituiu-se a doação presumida pelo consentimento informado à família. Desta forma, os entes devem se comprometer a autorizar o procedimento por escrito após o falecimento do doador.

ed11_saude_01.jpgYuri Sousa Aurélio

E foi por conta deste comprometimento familiar, que a vida de Yuri Sousa Aurélio mudou radicalmente. Aos 24 anos, o estudante de engenharia que tinha uma vida aparentemente normal, começou a sentir cansaços e dores no fígado e região abdominal. “Até seis meses antes do transplante, eu vivia normalmente. Estava fora do país participando do programa Ciências Sem Fronteiras. Logo que percebi que os sintomas aumentaram, resolvi voltar para o Brasil a fim de constatar o que estava acontecendo comigo. No dia 24 de fevereiro de 2013, descobri que estava com Miocardite Dilatada Idiopática e que, além da doença estar em um estágio avançado, só um transplante poderia me salvar”, comentou Yuri.

Ao contrário de muitos brasileiros, Yuri ficou apenas dois meses na fila de espera para o transplante. No dia 10 de abril do mesmo ano, o estudante deu entrada no Hospital das Clínicas, em Belo Horizonte, e foi submetido ao procedimento. “Hoje em dia minha vida é bem tranquila. Faço faculdade, estágio, namoro e estou voltando a fazer atividade física em maior intensidade. Mas também faço controle de três em três meses e graças a Deus, não tive nenhuma rejeição aguda”, conclui o estudante.

Longa fila de espera

Existem casos em que pacientes aguardam por anos na fila de espera por um doador compatível. De acordo com a MG Transplantes, atualmente, cerca de 2.130 pacientes aguardam na fila por algum tipo de transplante. Todo procedimento é financiado pelo Sistema Único de Saúde - SUS. Dentre os tipos de transplantes mais procurados, destaca-se o de rins. Em Minas, nos últimos oito anos, houve um aumento de 347 para 534 cirurgias, sendo 185 por doadores vivos e 349 por doador falecido.

A prensista Lucilene de Jesus Peixoto, há cinco anos, aguarda na fila de espera por um transplante de rins. Aos 33 anos descobriu por meio de uma aferição de pressão arterial que algo estava errado em seu organismo. “Naquele momento, a enfermeira me orientou procurar um médico, pois minha pressão estava absurdamente alta e eu não estava sentindo nada”, comentou.

Seguindo a orientação da enfermeira, Lucilene procurou um nefrologista e descobriu que estava com menos de 30% dos rins funcionando, daí a necessidade de passar pela hemodiálise. “Estar nessa situação não é nada agradável. A primeira vez que fiz uso da hemodiálise, briguei e chorei muito com os enfermeiros, pois não aceitava tal situação. Mas hoje tenho a certeza que se não fosse naquele dia, talvez eu não estivesse aqui para contar minha história”, explica.

ed11_saude_02.jpg Lucilene de Jesus

Ao contrário de Lucilene, a auxiliar de escritório Priscila Ágata Brandão, descobriu durante sua gestação que algo de errado estava acontecendo em seus rins. E mesmo sabendo do risco que correria, caso não tratasse, não deu a devida importância para sua situação. “Não tinha o hábito de beber muita água. E por não ter a mínima ideia do que era e como funcionava a hemodiálise, não me importei muito com o mau funcionamento dos meus rins”, afirma Priscila.

Com o passar do tempo, Priscila começou a sentir tonteiras, náuseas e vômitos. Com isso, a auxiliar de escritório passou por um trataento a fim de tentar recuperar o funcionamento dos seus rins. E mesmo assim, a hemodiálise foi indispensável. “Eu tinha menos de 30% dos rins funcionando. Foi quase um ano na fila de espera. E em dias alternados ficava pelo menos quatro horas fazendo hemodiálise. É lamentável, mas o que mais me apavorava, era ver que muitos não resistiram ao procedimento, que por sinal é muito doloroso”, comenta.

Apesar da disponibilidade do marido para doar um rim, haveria um grande risco de rejeição no organismo. Foi aí que veio a grande notícia: Priscila já não precisaria mais aguardar na fila de espera, pois para sua surpresa, seu primo Hugo Leonardo se ofereceu como doador. “Após diversos exames, passei pela cirurgia e tive uma grave complicação, resultando em duas cirurgias no mesmo dia. Foi um processo muito doloroso e angustiante, mas no final deu tudo certo”, relembra.

ed11_saude_03.jpg     Pricila Àgata e filha

 Desde a realização do transplante, os cuidados com a saúde de Priscila redobraram. “Saber que seu organismo aceitou um novo órgão como se ele fizesse parte de você é muito bom, mas ao contrário do que muitos pensam, a batalha continua. Mensalmente faço controle por meio de exames para que não haja rejeição do novo rim”, explica. Ao se lembrar do gesto carinhoso do primo, Priscila enfatiza: “Esta foi a maior prova de amor que alguém poderia fazer por mim. Jamais imaginei receber tal benção. Minha gratidão será eterna. Meu amor por ele só aumentou”, conclui.

Transplante não é sinal de cura, mas de tratamento

Como todo procedimento cirúrgico, a realização de transplante também tem os seus riscos. De acordo com a MG Transplantes eles são maiores quando relacionados à imunossupressão em que os pacientes serão submetidos, rejeição do órgão recebido e, principalmente, infecções.

Aos 22 anos, a dona de casa, Alice Maria Ferreira, 51, descobriu que além de grávida, tinha um grave problema nos rins. Porém, seis meses após a descoberta, ela recebeu um rim do irmão. Dez anos após o procedimento, o rim doado parou de funcionar e, novamente, Alice se viu na sala de hemodiálise. “Fiquei na fila de espera e recebi um rim de cadáver, porém três anos depois, novamente meu organismo rejeitou o novo rim”, explica.

Pela terceira vez, a dona de casa teve que voltar a fazer hemodiálise. E desta vez foram 12 anos de espera. “Meu organismo já não aguentava mais. Por conta disso, fui encaminhada para fazer Diálise Peritoneal”. Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a diálise peritoneal é uma opção de tratamento para pacientes com doença renal avançada. “Para me manter viva, faço todo procedimento na minha residência. E por conta disso, os cuidados com a higiene redobram. Faço uso de vitaminas, não urino mais e ainda tenho batalhado na justiça para conseguir gratuitamente alguns medicamentos”, finaliza.

ed11_saude_04.jpg

Fila também para transplante de córneas

A contabilista Roseni Souza Oliveira, 36, também aguarda na fila de espera. Em novembro de 2007, ela se submeteu a um transplante de córnea devido a um Ceractone nas duas vistas. “Descobri a doença em uma consulta de rotina em que eu achava que meu problema era apenas um astigmatismo. Cheguei a ficar apenas com 20% de visão”, explica.

  ed11_saude_05.jpg  Roseni Souza Oliveira 

Até conseguir o transplante para a córnea direita, Roseni aguardou cerca de um ano e meio na fila, se tratando com colírios e utilizando óculos. “Minha vida hoje é mais tranquila. Faço exames periódicos, pois, infelizmente, preciso de outro transplante. E infelizmente, tenho dificuldade em arrumar emprego, sair sozinha, afinal, hoje enxergo somente com o olho transplantado”, conclui.

Quem pode se beneficiar por meio de um transplante?

Tipo - Principais indicações

Coração - Portadores de cardiomiopatia grave de diferentes etiologias Doença de Chagas, Isquêmica,reumática, idiopática, miocardites);

Pulmão - Portadores de doenças pulmonares crônicas por fibrose ou enfisema;

Fígado - Portadores de cirrose hepática por hepatite, álcool ou outras causas;

Rim - Portadores de insuficiência renal crônica por nefrite, hipertensão, diabetes e Outras doenças renais;

Pâncreas - Diabéticos que tomam insulina (diabetes tipo I) em geral, quando estão com Doença renal associada;

Córneas - Portadores de ceratocone, ceratopatia bolhosa, infecção ou pacientes com grandes queimaduras.trauma de córnea;

Medula Óssea - Portadores de leucemia, linfoma e aplasia de medula;

Osso - Pacientes com perda óssea por certos tumores ósseos ou trauma

Pele - Pacientes com grandes queimaduras.

Endereços e Telefones Importantes para a Notificação e Informações Sobre Transplantes em Minas Gerais

Central Estadual:

Belo Horizonte: (31) 3274 7181 • Fax: (31) 3213 4327

E-mail: mg.transplantes@mg.gov.br

Centrais Regionais:

Uberlândia: (34) 3214 4600 Ramal: 208 • Fax: (34) 3214 4600 Ramal: 205

E-mail: drs.uberlandia@bol.com.br

Juiz de Fora: (32) 3222 4701 • Fax: (32) 3224 7224

Pouso Alegre: (35) 3422 2211• Fax: (35) 3421 1307

E-mail: dirpa@saude.mg.gov.br

Montes Claros: Tel/Fax: (38) 3222 3311

E-mail: funasa@connect.com.br

Governador Valadares: (33) 3221 6600 • Fax: (33) 3221 2560

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