Página PrincipalA Revista Colunas RAFAEL VICENTE Planeta bola, planeta Terra… Onde estamos?
Quando se encerra a temporada de futebol no Brasil (normalmente no início de dezembro), nós, amantes do futebol, sentimos um vazio nas tardes dos fins de semana. O brasileiro é apaixonado por esse esporte e por isso sente-se órfão nesse período. Então nos resta acompanhar pela tevê os campeonatos europeus. Entre eles, destaca-se o Campeonato Espanhol. Lá na Espanha, o povo não é menos fanático que nós, tupiniquins. Para começar, a seleção Espanhola leva a alcunha de “Fúria”.
Assistindo aos jogos de Barcelona e Real Madrid (principalmente), fico intrigado. Estádios superlotados, campos maravilhosos, as maiores estrelas do futebol mundial (Messi e Cristiano Ronaldo), supersalários, cifras e números imponderáveis contrastam com a realidade daquele país.
A Espanha vive hoje uma das maiores crises de sua história: o PIB (produto interno bruto) vem caindo sistematicamente há mais de um ano, a saúde pública está sendo privatizada, o governo tira gratificações dos servidores, 26% da população economicamente ativa estão desempregados, jovens recém-formados não têm perspectiva de trabalho para os próximos anos, a crise hipotecária vem despejando famílias de suas casas, 20% do povo vivem abaixo da linha de pobreza. Certo é que pobreza de “primeiro mundo” é bem diferente, não é mesmo?
Voltamos ao mundo da bola, no qual a linha que importa é a que, quando ultrapassada pela “pelota”, leva alguns milhões de fanáticos ao delírio e outros tantos a certa melancolia. Digo mundo, pois é assim que percebo o futebol: um outro planeta no Sistema Solar. Para sustentar minha tese, basta citar os salários de alguns astros, números que dão uma ideia da realeza: Cristiano Ronaldo, Real Madrid CF, 1.083.000,00 €; Lionel Messi, Barcelona, 875.000,00 €; Kaká, Real Madrid, 833.000,00 €; Xavi, Barcelona, 625.000,00 €; Daniel Alves, Barcelona, 583.000,00 €.
Lá nesse planeta, também há problemas: o astro maior do Real Madrid, Cristiano Ronaldo, vem fazendo “beicinho” por ganhar aproximadamente “apenas” 10 milhões de euros anuais e reivindica aumento... É realmente surreal.
Calma! Surreal para quem está aqui na Terra, sentado na poltrona de casa e assistindo pela tevê a mais uma exibição no novo “corpo celestial”. Mas Galileu Galilei, se aqui estivesse, também não precisaria de telescópio para perceber tamanha insensatez.
Deixando de lado a ironia, acho o futebol espetacular e apaixonante, porém a dignidade de um povo e a vida são muito mais importantes. Inclusive a de Kevin Espada, garoto boliviano de 14 anos que perdeu a sua durante a partida entre o Corinthians e o San José, em Oruro, Bolívia.
Pode parecer estar fora de contexto este último parágrafo, mas não está. Pois tão insanas quanto a situação paradoxal na Espanha são as mentes dos que levam armas para um estádio de futebol. Indiferente da intenção de quem o lançou, prestemos atenção: foi e é um sinalizador.
Só um toque para aqueles que preferiram ignorar a morte de Kevin Espada para não perder o jogo de seu time de coração: já há algum tempo vem-se dando um certo glamour ao adjetivo louco em músicas como “Balada do Louco” – Mutantes; “Maluco Beleza” – Raul Seixas; “Só louco” – Dorival Caymmi etc. Mas é bom tomarem cuidado para que não botem fogo em Roma. Saudável talvez seria misturar um pouco de lucidez com maluquez. Acho que seria de bom alvitre também amar loucamente a vida.
Foram minhas fontes e sugiro aos leitores:
www.tribunadaimprensa.com.br revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/12/faces-da-crise-economica-na-espanha.html www.coisaparecida.com/2012/11/a-ilusao-e-o-ultimo-que-se-perde/#comments Jornal “Folha de São Paulo” de 28/02/13 – matéria “Vazio” de Eduardo Ohata que conta a história do garoto Kevin Espada.Rafael Vicente
Empresário da área de comunicação
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