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Na rota dos livros

Edição 09 27/12/2013 ARTE E CULTURA

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 Projeto voluntário Trilhas da Leitura já doou mais de 90 mil livros e já programa o ano de 2014 com muita cidadania e solidariedade

 

Por: Diogo Silva

Fotos: Elias Ramos/ PMC

 

Apaixonados pelo universo literário, vários leitores assíduos querem transmitir o gosto pela leitura a outras pessoas, principalmente, a novas gerações. Em um mundo onde a imagem ganha prioridade, a criatividade se referencia na escrita. Um dos gênios da literatura brasileira, o mineiro Carlos Drummond de Andrade, descreveu a leitura como “uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede.” O livro é interpretado pelos amantes de uma boa história como passaporte capaz de transpor realidades e condensar fatos abstratos e concretos que aguçam a percepção do leitor. Devido ao seu poder acolhedor, a leitura torna-se objeto de interesse de várias pessoas, inclusive uma ferramenta capaz de modificar vidas e realidades sociais.

 

Projetos sociais tem sido uma plataforma para a difusão da leitura. Diferentes pessoas ganham a possibilidade de conhecer novas histórias, sendo que o intuito é de cativar a paixão pela leitura. O Trilhas da Leitura, projeto que visa a distribuição de livros e o incentivo a “arte” de ler, segue a concepção de que o livro tem o poder de estimular o raciocínio e abrir espaço para a imaginação. Com sede em Contagem, o Trilhas foi criado em 2011 e já distribui mais de 90 mil livros em diferentes regiões da cidade. Idealizador do projeto, Ricardo Carvalho iniciou o Trilhas depois de trabalhar por muito tempo no ambiente escolar. Uma reflexão sobre o processo de aprendizagem e o modo como os alunos realizavam os trabalhos extraclasses, inspirou Ricardo a constituir um programa que pudesse resgatar o papel da leitura. “Hoje, diante das mais diversas mídias, mergulhamos no mundo da internet, da televisão. E eu fui disciplinário por 16 anos e prezo pelo processo pedagógico. Ao analisar os trabalhos dos alunos, eu ficava assustado com a quantidade de cópias, os estudantes só transcreviam para o papel tudo que estava escrito na íntegra. Não interpretavam o conteúdo. Acho que a internet é um instrumento de apoio para a pesquisa, mas não pode ser o principal. Você aprende de verdade é com o livro. O livro permite uma maior abrangência sobre o que está sendo estudado, além de forçar o aluno a examinar mais detalhadamente o texto”, reiterou Ricardo.

 

Início, parceiros e dificuldades

 

As páginas dos livros funcionam como estradas para um caminho diferente com potencial de mudança. Ricardo: “Quando você entra na história, o livro é capaz de te resgatar e contrapor um choque de realidade. Uma das boas qualidades que herdei do meu pai foi o gosto pela leitura”, afirmou o fundador do Trilhas da Leitura. O projeto trabalha com os mais diversos gêneros, sejam fascículos didáticos ou literários. Para que se possa organizar um projeto e levá-lo à frente, é necessário dedicação e abrir mão de várias oportunidades. Ricardo dedica sua vida totalmente ao Trilhas da Leitura e conta com a colaboração de amigos e pessoas queridas, além do auxílio de instituições e empresas que tem o respaldo da comunidade, como: a Polícia Militar, Guarda Municipal, UFMG, PUC, CDL, Copasa , Subseção da OAB de Contagem, Polícia Civil, Hípica de Contagem, Diomar, Academia Uniart, Sistema CFB/CRB – 16ª Gestão, ONG Conviverde, ASMAC e Prefeitura de Contagem.

 

“Temos várias limitações, mas o que é fundamental para a manutenção do projeto são as parcerias que a gente estabelece. Agradeço demais por ter o apoio das pessoas que estão nessas entidades, porém devo confessar que mesmo assim continua os empecilhos. Se eu tivesse que classificar o grande empecilho do Trilhas seria a questão do transporte. Recebemos muitos livros de escolas, faculdades e pessoas, mas nem  sempre consigo buscar todas as doações pela falta de um carro.”, esclareceu Ricardo. 

 

Retorno financeiro, Ricardo não tem com o Trilhas e, segundo ele, este não é o objetivo. O diretor abriu mão de oportunidades profissionais e de bens materiais para dar sequência ao projeto que tem comprometimento com os problemas sociais. “Vendi minha moto para que pudesse destinar empenho integralmente ao Trilhas. Me ofereceram vaga de emprego na escola que trabalhei, mas se eu ingressar em algum trabalho não conseguirei dar a continuidade e zelo que o projeto merece.” A ideia do Trilhas surgiu em um momento delicado na vida de Ricardo. “Quando eu trabalhava no Parque Ecológico do Eldorado, como gerente, eu passei por um câncer e tive que retirar o intestino. 

 

No período de recuperação vi uma matéria no jornal que mostrava uma professora que distribuía livros na Praça da Estação. Aquilo despertou minha atenção, e depois de certo tempo quando voltei a trabalhar encontrei uma caixa cheia de livros e decidi levar a ideia à diante. Andando pelo parque fui pensando em um nome para o projeto e pensei em distribuir os livros ao longo do parque. Por isso, o nome Trilhas da Leitura e o nosso slogan é construindo com cidadania. Já na primeira edição doamos quatro mil publicações.”

 

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Cada edição funciona como uma rua de lazer. Os parceiros contribuem com o equipamento de som; brinquedos, como pula-pula; máquinas de algodão doce e pipoca; e se faz uma grande celebração com teatro, dança, esportes e, claro, muita leitura. O evento é mensal e acontece todo primeiro domingo. Em 2013, o Trilhas da Leitura passou pelo Eldorado, Petrolândia, Funcionários, Industrial, Nacional, Nova Contagem, Riacho e Ressaca.

 

A meta de Ricardo é ultrapassar os limites de Contagem em 2014. “Estamos fazendo um cronograma que leve o Trilhas da Leitura para outras cidades da região metropolitana. Já estamos viabilizando e planejando com nossos apoiadores a possibilidade de levar o Trilhas para o norte de Minas, em Montes Claros. Temos limitação financeira e técnica, mas estamos programando para expandir o projeto cada vez mais”, disse Ricardo. A satisfação se dá pela recepção dos moradores da região. Segundo ele, o que motiva a continuação do projeto são as experiências que são vivenciadas a cada edição. “Teve uma vez, que um menino de 14 anos ficou interessadíssimo em alguns livros de medicina. Pegou os livros e não queria largar. Eu fui e disse que eram livros especializados e que ele não se interessaria pelo assunto. Mas ele foi e me falou que era isso que ele queria para a vida dele: ser médico. Eu fui e pensei: quem sou eu para impedir um sonho de uma criança? Dei todo apoio ao garoto e espero que ele seja um profissional competente no futuro.”

 

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