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MMA é um esporte?

Edição 02 05/10/2011 RAFAEL VICENTE

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Gladiadores Romanos. “Salve César os que vão morrer te saúdam” Era o que diziam os gladiadores antes da luta.

 

Essa pergunta se faz necessária, principalmente em um momento em que a mídia vem dando cada vez mais espaço para este evento. Há bem pouco tempo, só podíamos assistir a essas lutas em canais fechados. Ultimamente vêm se popularizando e fazendo parte da programação de alguns canais abertos.

Prefiro falar de minha percepção e intuição para não incorrer em preconceito ou leviandade, já que não acompanho o “esporte”.

Aqui vão algumas informações do que é permitido nessa luta: diferentemente do boxe (conhecido como nobre arte), luta em que os protagonistas (pugilistas) podem usar apenas os punhos, e os golpes só podem atingir acima da linha da cintura, no MMA (conhecido até recentemente como Vale Tudo) permite-se socos, chutes, cotoveladas, golpes de joelho em quase toda parte do corpo (exceto na genitália), além de permitir a imobilização. Tudo isso é de verdade – “É sangue mesmo, não é mertiolate” – e, por isso mesmo, eleva os números – os do Ibope –, que seduzem a quem quer vender.

Havia, nas décadas de 60 e 70, o famoso Telecatch Montilla (luta livre), que era transmitido pela tv, onde a luta mais parecia, na verdade, uma brincadeira (‘marmelada’), em que sempre venciam os combates os bons moços como Ted Boy Marino, Tigre Paraguaio, entre outros, e os derrotados, invariavelmente, eram os vilões como Rasputin Barba-Vermelha e Múmia etc. Os maus espremiam limão nos olhos dos mocinhos e desferiam falsos golpes de ‘soco inglês’ com a mão que também guardava saquinhos de groselha e os estouravam no rosto dos mocinhos, no momento do soco, para darem mais veracidade e despertarem a indignação da plateia. Esta, por sua vez chegava a arremessar sapatos e outros objetos nos bad boys. Tudo isso era uma tremenda armação. Mas, o Ibope, nessa época, também ia às alturas.

O MMA me lembra mais as rinhas de galo. Nunca assisti a uma, pois não conseguiria sentir o menor prazer em ver dois animais se mutilando até a morte. Meu estômago também não aguentaria. Mas, não faltam informações para quem quer pesquisar. A comparação é inevitável: o que dizer de dois seres humanos se digladiando. Será por que a violência atrai tanto interesse e desde quando?

Tem-se notícia que na Roma, em 286 a.C., já havia lutas entre gladiadores, o que durou alguns séculos. No ano de 72 d.C., foi iniciada a construção do mais conhecido símbolo do Império Romano, o Coliseu. Foi construído no local em que existia o palácio de Nero, para sediar os combates entre gla¬diadores e, até mesmo, de homens contra animais. A decisão de se poupar a vida de um lutador ao final de um embate, cabia principalmente ao patrocinador dos “jogos” que consultava os espectadores que gritavam: ‘missa’ – para poupar e ‘jugula’ – golpe na jugular.

Depois dessa viagem pelo túnel do tempo (e quanto tempo?), volto para o século XXI d.C. para refletir. Curiosamente, aqui no Brasil quem promove briga de galos pode ir parar na cadeia. Já o MMA é tratado com toda pompa de evento esportivo, com a presença de “celebridades” na plateia, cobertura de pessoas da mídia, que nunca imaginei apreciarem tal evento – me surpreendo por serem figuras que sempre demonstraram uma conduta equilibrada e ética, mas, enfim, business is business.

Pois é... A quem interessa a divulgação desse “novo esporte”. Na minha humilde opinião, a propagação dessa modalidade atende, principalmente, à demanda da pobre grade de programação das emissoras de tv, visando à venda de produtos relacionados aos ‘gladiadores’ e interesses dos promoters, empresários e anunciantes. Todos ávidos pelo ‘vil metal’. Programas televisivos, pretensamente culturais, tentam subliminarmente promover essa atividade “esportiva”.

Ainda no campo da opinião, pois não tenho dados concretos para afirmar, percebo que parte do público que se interessa pelo MMA é composto pelos que cultuam a fisicultura exacerbada e torcidas organizadas de clubes de futebol entre alguns grupos radicais. A respaldar meu ponto de vista, relembro briga ocorrida no dia 27 de novembro de 2010, entre torcidas organizadas de Cruzeiro e Atlético Mineiro na Savassi, BH, durante o 3º MMA Fight Brasil. Nesse confronto, um jovem foi brutalmente assassinado. Mas, o que esperar de um evento de ‘Vale Tudo’, em que os lutadores representam duas torcidas arquirrivais, que sabidamente nem precisavam de motivos para se enfrentar.

Para finalizar, faço uma analogia... No intervalo do telejornal, a tv nos vende a imagem de lindas e sinuosas garotas bebendo cerveja ao lado de belos garotos “bombados” e felizes. Ao mesmo tempo, apresentam para a massa ignara, em seu Jornal Sensacional, o cidadão que bebeu além da conta e não respeitou os limites do “bom senso”. Pois é... Como quem dissemina a violência travestida de esporte, em um terreno fértil de mentes manipuláveis e alienáveis, poderá querer cobrar destas uma postura gentil, fraterna e humana?
Mais cultura, diversão, arte, educação e esporte de verdade.

Rafael Vicente
Empresário da área de comunicação
rafaelvicenteferreira@gmail.com

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