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Página PrincipalA Revista Colunas ÂNGELA MENDES Minhas impressões sobre Cuba.

Minhas impressões sobre Cuba.

Edição 11 27/06/2014 ÂNGELA MENDES

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Esse ano decidi fazer uma viagem à Cuba. Desafiador escrever sobre esse País. Como dizia minha amiga, somente vivendo a realidade deles para entender esse povo ilhado no meio do mundo que, como em qualquer outro País não é o céu e muito menos o inferno. Realizei a viagem integrando uma comitiva de 193 pessoas de 23 Países.

Um dos olhares repousa no ângulo onde percebemos um lugar fértil para a exploração do povo e das belas riquezas naturais.

De outro, observamos um povo que vive lentamente a vida. Que tem tempo a perder conversando sobre assuntos diversos; que adoram dançar; que praticam a arte com graciosidade, que cultivam o hábito da leitura, (em uma das cidade pequenas, pudemos observar que numa biblioteca de livros muito velhos, passava por ali mais de 40 pessoas por dia). Que têm heróis e histórias a contar sobre esses heróis. Que reconhecem neles a história de cada um deles. Que defendem a Pátria com gosto. Que muito sofreram e ainda sofrem com os embargos impostos pelos Países de primeiro mundo, e apesar disto, buscam a criatividade para não se submeterem à exploração.

A cultura retrata sempre o País do povo real. Produzem muito livros e revistas para as mulheres e para a família, sempre instruindo. As programações de televisão seguem a mesma linha de valorização do ser humano. Todas as leis do País antes de serem aprovadas, passam pela Federação das mulheres, que é muito ativa.

Na saúde não praticam medicina mercantilista. Estudam e desenvolvem prevenção, a cura e a reabilitação, sempre preocupados com a saúde do ser humano. Estão presentes com o programa de médicos cubanos em mais de 72 países e sempre com a perspectiva de solidariedade e cura. Praticam a prevenção das doenças e utilizam as plantas medicinais para curar diversas doenças. Nas universidades os médicos são formados para prestarem solidariedade aos povos de qualquer lugar do mundo que necessitar deles. As cooperativas que tem nos setores de saúde e educação são somente públicas, porque eles não permitem a mercantilização da saúde e nem da educação, segundo eles, bens essencialíssimos.

Adotam a Permacultura - método holístico para planejar, atualizar e manter sistemas de escala humana (jardins, vilas, aldeias e comunidades) ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis - cultivando a alimentação livre de agrotóxicos, plantadas e cuidadas com carinho pela população. Consomem produtos da época, e alimentam com prazer, e sem desperdícios.

Na rua podemos ver carros velhos circulando, com cores vivas, que já são patrimônios culturais. E o povo tem orgulho disso. Utilizam os veículos para se locomoverem, e não como um produto de consumo ou valorização pessoal. No centro de Havana podemos ver carroças, bicicletas, motos e motonetas circulando tranquilamente. Percebemos que lá as pessoas têm valores e as coisas utilidades. 

Fidel Castro, para eles, é uma pessoa que armou o povo com a mais poderosa das armas – consciência, ideologia e amor à Pátria e solidariedade entre os povos. Eles não atacam nenhum País. Simplesmente defendem Cuba com muita consciência política. Dizem que, ao contrário de Países de primeiro mundo, eles exportam para o mundo solidariedade, cultura, medicina curadora. Não têm nenhum povo como inimigo, e onde forem chamados, irão como povo solidário que são e nunca pedem nada em troca.

Em Junho de 2002, começaram algumas reformas no Sistema socialista, com a participação massiva de mais de nove milhões de pessoas, que expressaram de forma veemente o caráter socialista do País, com o entendimento que o mundo que vivemos deveria naturalmente desenvolver a vida humana, de forma justa e solidária.

O povo de Cuba é grato a José Martí e Che Guevara, e na pessoa deles, a todos os combatentes tombados que propiciaram ser o País de hoje.  A Fidel e Raul Castro, porque entendem que ambos fazem parte de uma geração histórica, que trouxeram os ideais de liberdade e fraternidade.  O povo interpreta a ideia deles, acrescentam novas e praticam política de forma consciente.

Eles têm consciência dos ataques que os Países de primeiro mundo fazem diuturnamente sobre os cidadãos cubanos, representado principalmente pelos Estados Unidos, que os propagam pelo mundo como um povo terrorista e malvado. E eles respondem: - A história não mente. Nós nunca exportamos guerra, nem genocídio, nem ódio, e muito menos nos metemos com a vida de outros Países. Estamos sim, a viver em nosso País aquilo que acreditamos ser a forma mais justa de viver.

Dizem que no País, não estão todos. Faltam 5. São cinco heróis presos nos Estados Unidos, acusados injustamente como terroristas, cumprindo penas absurdas. A Anistia Internacional se manifestou, condenando a prisão dos cinco cubanos e exigindo liberdade. Sindicatos e movimentos sociais dos Estados Unidos apoiam o movimento dos 5. Na plena convicção de que são inocentes, eles não permitem serem atingidos na prisão. Recebem cartas do mundo inteiro. Este ano, dois deles foram libertados, depois de cumprirem a sentença na íntegra, mas também foram intitulados Réus, o que não aceitam veementemente. O povo sabe com muita clareza que a prisão dos cinco é uma retaliação ao sistema que não permite ser explorado pelos Países ricos, e, portanto, não atingiu somente aos 5, mas a todo o povo cubano.

No primeiro de Maio desse ano, eram mais de um milhão e quinhentas pessoas do mundo inteiro, inclusive eu, pudemos manifestar solidariedade ao povo Cubano, assistindo ao desfile em Havana que contou com mais de seiscentas mil pessoas desfilando, por mais de uma hora, segurando cartazes e faixas, muitos escritos manualmente, demonstrando apoio ao Sistema, a Fidel e Raul Castro. Em todas as províncias ocorreram desfiles paralelos.

Para mim, a marca que ficou, é de um povo solidário, com autoestima elevada, apesar das dificuldades enfrentadas, que cuidam do pais com amor e gratidão, e que têm como maior valor a defesa da vida, e da natureza que sustenta essa vida.

Desembolsamos o valor de nossa estadia num centro de educação, incluindo alojamento e refeições. Trabalhamos nas plantações de tomate, mandioca, bananas, goiabas, viveiros, entre outros, para conhecermos o trabalho do cultivo dos alimentos. Ao final, recebemos uma prestação de contas de todo o trabalho desenvolvido. Visitamos os locais turísticos, bairros e comunidades, hospitais, teatros, monumentos, escolas infantis, primárias, profissionalizantes e Universidades.

O que aprendi com essa viagem? Viver a vida mais intensamente, valorizando mais as pessoas e a natureza. Quanto aos bens de consumo, perceber a utilidade deles, sem necessidade de me escravizar para adquirir produtos obsoletos de mil utilidades quando posso utilizar apenas uma. E viver a vida mais lentamente, sem pressa. Valorizar as pessoas e buscar utilidades nas coisas, através de um consumo consciente e responsável.

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