Página PrincipalA Revista Cadernos MERCADO Lixo vira Luxo
Aliar preocupação com o meio ambiente a vantagens econômicas é a aposta de muitas empresas e cooperativas que veem na reciclagem uma forma de investimento. Bolsas, roupas, acessórios e calçados já são produzidos com sobras de tecidos, plásticos e outros materiais. Na Coopeárvore, cooperativa social do Programa Árvore da Vida - Jardim Teresópolis, cintos de segurança viram alças de bolsas. Mochilas, case de notebook, chaveiros, nécessaire, almofadas e até jogos infantis são confeccionados com sobras de tecidos automotivos e lonas feitas de pet.
Só em 2010, a cooperativa produziu e comercializou cerca de 40 mil produtos, beneficiando diretamente 26 famílias do Jardim Teresópolis. “Eu era cozinheira de restaurante e hoje trabalho na cooperativa. Além das amizades que fiz aqui, já comprei minha própria máquina de costura e renovei alguns móveis da minha casa”, ressalta a cooperada Cirleide Santos Oliveira. Mais do que a melhoria na renda da família, Cirleide se alegra com o resultado do trabalho que vem desenvolvendo. “É indescritível a sensação de ver objetos que seriam jogados fora virar novos produtos. O melhor ainda é saber que fui eu quem fiz”.
Para a designer responsável pelas criações da Coopeárvore, Rafaella Thomé, os produtos celebram o amadurecimento da cooperativa. A Coleção 2012, que tem como tema ‘Os Frutos da Árvore’, representa a superação e a transformação de vida das 26 cooperadas, por meio do estímulo à autonomia e valorização da cidadania. “É um grande desafio ter que criar um produto em cima de uma matéria-prima já existente. Por outro lado, é muito gratificante o resultado. Principalmente, quando trabalhamos em equipe, como foi o caso desse trabalho. Contei muito com o apoio das cooperadas, que tiveram envolvimento direto na criação dos modelos, colocando os seus olhares em cada peça desenvolvida”, destaca ela.
Outro desafio foi o de dar mais leveza e suavidade às peças. Ao esbanjar das cores e das estampas, a coleção transformou a seriedade das peças automotivas em produtos que refletem o calor e a alegria do povo brasileiro. A nova coleção foi apresentada na 22ª Feira Nacionalde Artesanato, que aconteceu no Expominas entre os dias 22 e 27 de novembro.
O programa, idealizado e desenvolvido pela Fiat em parceria com as ONGs Fundação AVSI e CDM, em Betim (MG), foi pioneiro no Brasil. Apesar do país já trabalhar com várias frentes de reciclagem (papel, vidro, alumínio, plástico, etc.) foi a primeira vez que sobras da produção automotiva foram transformadas em produtos comercializáveis. “Muitas pessoas acham que objetos reciclados não possuem qualidade. E a gente prova o contrário. Tudo o que produzimos possui um designer moderno e inovador, seguindo as tendências do mercado. Além disso, prezamos muito pela qualidade, pois não adianta o produto carregar o conceito de preservação do meio ambiente se ele não for útil, não tiver um preço acessível e não for feito para durar”, afirma a gerente administrativa da Coopeárvore, Luciana Freitas.
O público prioritário da cooperativa são as grandes empresas que consomem quase 90% da produção. Por outro lado, a participação em feiras de artesanato, exposições e eventos tem dado à cooperativa maior visibilidade diante do consumidor final. Os valores arrecada-dos com as vendas dos produtos são utilizados na gestão da cooperativa: pagamento de impostos, compra de matérias-primas e rendimento das cooperadas.
“Iniciativas como essa são muito importantes, pois geram emprego e renda a pessoas carentes, como é o caso do Jardim Teresópolis. Possibilitam ainda um deslocamento menor até o local de trabalho, e consequentemente uma melhor qualidade de vida para essas mulheres que podem trabalhar sem ficar longe da casa e dos filhos”, pondera Luciana Freitas. A instituição não tem dados específicos sobre a quantidade de sobras automotivas que deixam de ser despejadas no meio ambiente. Mas todo o resíduo doado para a cooperativa é aproveitado gerando emprego e renda para muitas famílias.
Mais de 90% das latas de alumínio no Brasil são recicladas. Apesar do destaque, os números sofreram uma redução em relação a 2007, quando o índice de reciclagem desse produto havia atingido seu pico, de 96,5%. Os dados são do relatório de Indicadores de Desenvolvimento Sustentável (IDS) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), iniciados em 2008 e divulgados em 2010.
As garrafas pet são o segundo material reciclado mais utilizado, 54,8% em 2008.A taxa de reciclagem do vidro se manteve estável nos últimos anos, com 47% do total utilizado. Já 43,7% do total de papel consumido na indústria é reciclado.
Apesar de parecerem promissores, esses indicadores ainda estão mais associados ao valor das matérias-primas e aos altos níveis de pobreza e desemprego do que à educação e à conscientização ambiental. Mas, gradativamente os hábitos da coleta seletiva e o crescente índice da reciclagem, no país, vão reduzir o consumo de energia e a extração de matérias-primas, a emissão de gases de efeito estufa associados à geração de energia pela queima de combustíveis fósseis, e assim, contribuir para um mundo mais sustentável.
Por Fabiana Senna | Fotos: Divulgação
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