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Já que a Copa do Mundo está aí... Pra frente, Brasil, e reforma política já!

Edição 10 31/03/2014 RAFAEL VICENTE

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Ilustração: Evandro Luiz da Rocha

Em 1970, eu tinha 7 anos e me lembro de uma grande festa no meu bairro, a qual também tomava conta do Brasil inteiro. A Seleção Brasileira de Pelé, Tostão, Rivelino, entre outros, sagrava-se tricampeã do mundo no México. Naquela época a maioria dos brasileiros não se dava conta do que acontecia nos “porões da ditadura”. Hoje, todos sabemos: outros brasileiros eram perseguidos, torturados e mortos. O filme “Pra Frente, Brasil” (1982), de Roberto Farias e tendo no elenco atores como Reginaldo Farias, Antônio Fagundes e Elizabeth Savalla, ilustra bem aquele período.

Na Copa de 1978, eu tinha 15 anos. Ao contrário da maioria dos brasileiros, eu gostava muito de ver a Argentina jogar. Achava o Kempes um cracaço. Inocentemente, eu achava legal ainda o fato de o presidente daquele país (o ex-ditador Jorge Rafael Videla) ser meu quase xará. A Argentina foi campeã, e depois foi um escândalo “do Peru”. O “P” é maiúsculo mesmo, pois a ave não tinha nada a ver com essa história e sim o país sul-americano, que, suspeito de ter entregado um jogo (perdeu de 6 a 0 para Argentina), foi suspenso por algumas copas. Mas, enquanto os estádios transbordavam argentinos fanáticos e felizes, outros hermanos eram torturados e exterminados pela ditadura de Videla.

Hoje, 36 anos depois, muita coisa mudou. A população mais que dobrou. São mais de 200 milhões (em 1970, eram “noventa milhões em ação, pra frente, Brasil...”). Vivemos numa democracia, muito se alcançou, e ainda temos muito a buscar. Estamos a praticamente 70 dias da Copa. Há alguns meses, os organizadores temiam as manifestações, a conclusão dos estádios e as tais obras de mobilidade que não foram concluídas. Agora também se preocupam com o apagão e a falta de água e segurança.

O que se houve, lê e vê é: o Brasil não tem condições de sediar uma Copa do Mundo, o Brasil tem outras prioridades, gastaram muito dinheiro para construir estádios, e por aí vai. Concordo que investimentos tão altos poderiam ter sido direcionados para áreas fundamentais, como saneamento básico, educação, saúde, infraestrutura e mobilidade urbana. Não haveria a necessidade de tantas sedes (12 no total). Oito estariam de bom tamanho, e cada estádio teria pelo menos oito jogos, garantindo, assim, menos despesa e mais arrecadação.

Porém prevaleceram as questões políticas. E agradar a “gregos e troianos” é fundamental para quem quer permanecer no poder. O Estádio Nacional de Brasília “Mané Garrincha” é só mais um desses legados malditos que a Capital Federal proporciona e debita na conta do resto dos “manés” do País. O seu custo final poderá ser de 1,9 bilhão de reais, e, nesse caso, não há investimento privado como em outros Estados.

Entendo, contudo, que a “procissão já passou” ou “perdemos o trem da história”, como queiram. Teríamos de ter lutado contra ela, a Copa, em 2007, quando o País foi escolhido para sediá-la. Portanto estamos atrasados sete anos.

Na época, as manchetes eram nesse tom: “A Copa do Mundo é nossa”. Não houve contestações mais agudas e sim muita disputa para ser uma das sedes.

Não me empolgo com a Copa, mas também acho que assistir aos jogos e torcer pela Seleção Brasileira ou qualquer outra seleção é o direito e uma escolha de cada um. Já somos maduros o suficiente para não nos deixar manipular nem pelo “ópio” que diziam ser do povo e muito menos pelos oportunistas e especialistas em outro esporte, que é o de surfar, só que não nas ondas do mar, formadas pelo vento, e sim naquelas criadas pelas manobras artificiais da política.

Seria fácil falar da Copa sem abordar coisas realmente importantes para nós. Bastava questionar a convocação de fulano ou sicrano e pedir as de Ronaldinho, Tardelli, Fábio e Everton Ribeiro. Mas não dá. Já não tenho 7 nem 15 anos, e a minha consciência pede que eu fale do que vem sendo desprezado, não só por um governante, mas por esse sistema político viciado e falido que retranca o País, mata na favela, faz gol contra, faltas desleais e ainda esconde a bola do jogo.

Educação, saneamento básico, saúde e segurança comporiam um esquema tático infalível para quem quer ser campeão. Mas, no meu entendimento, só uma reforma política corajosa poderia convocar e permitir que um time desses entrasse em campo e nos desse muita alegria.

Brincando com o hexa, por que não mandatos de seis anos, sem direito a reeleição, para que político fosse, de fato, um adjetivo e não uma profissão? Pra frente, Brasil... Reforma política já!

Rafael Vicente

Empresário da área de comunicação
rafaelvicenteferreira@gmail.com

 

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