• Grande BH, 21 de Janeiro de 2018
  • 09:22h
  • Siga:

Página PrincipalA Revista Cadernos PERSONALIDADES Fatinha Aguiar - Um gesto social

Fatinha Aguiar - Um gesto social

Edição 04 31/03/2012 PERSONALIDADES

ed_04_pag_43

Uma trajetória de sucesso frente as causas sociais


Natural de Contagem, Maria de Fátima Monteiro de Aguiar, mais conhecida como Fatinha Aguiar, é professora, psicóloga, psicopedagoga, especialista em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas e mestre em administração pública pela Fundação João Pinheiro. Casada com o engenheiro Marcos Delanne, reside em Nova Lima, onde coordena o programa de transferência de renda Bolsa Família. Seu envolvimento nas causas sociais teve inicio quando concluiu a graduação em Psicologia e foi trabalhar no interior de Minas Gerais na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE).

Em Belo Horizonte teve contato com inúmeras situações de carência, dentro e fora da sala de aula, mas foi em Nova Lima que o seu desejo de ajudar o próximo tornou-se mais real. Convidada pelo atual prefeito da cidade a compor a sua equipe de governo, Fatinha chegou ao município com o objetivo de criar e gerenciar um novo programa de transferência de renda exclusivo para a cidade. O programa nomeado Vida Nova foi idealizado por ela e rapidamente tornou-se um dos principais mecanismos de ascensão de renda da população, proporcionando oportunidades de vida e, até mesmo, de sobrevivência mínima para pessoas que viviam com uma renda abaixo da linha da pobreza.

Além dessas funções, Fatinha é secretária-executiva do Fórum Metropolitano do Programa Bolsa Família, importante função que exerce junto aos 33 gestores das cidades da região metropolitana. Antes de fixar moradia na cidade de Nova Lima, Fatinha trabalhou com Patrus Ananias, Célio de Castro e Fernando Pimentel na Prefeitura de Belo Horizonte. Em 2004 compôs a equipe do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) ocupando a função de Coordenadora Geral de Condicionalidades do Programa Bolsa Família. Filha do empresário José Marciano de Aguiar e de Ana Dias Aguiar, Fatinha, hoje com 50 anos, abriu as portas de sua residência em Nova Lima para esta entrevista à Revista Viva Grande BH.


Você nasceu em Contagem, se apaixonou por Nova Lima e mudou-se para a cidade em 1998. Fale um pouco sobre a relação de amor com o município.
Meu avô materno trabalhou na mina de Morro Velho, na década de 20, com isso, Nova Lima sempre esteve entre os assuntos da família. Quando eu tinha uns 10 anos de idade comecei a frequentar a cidade para tratar de uma bronquite. Havia uma mulher que fazia uma simpatia para bronquite na sexta-feira da paixão. Lembro que era um líquido que eu tomava e depois ia à igreja de Santo Antônio fazer uma oração. Todos os anos eu ia até a cidade com meu pai fazer essa simpatia. Lembro ainda que eu sempre chamava os vizinhos que também tinham problemas de saúde. Eu sentia muita paz em Nova Lima e falava com meu pai que deseja morar na cidade, desde criança. 

E quando foi morar definitivamente na cidade?

Quando me separei do primeiro marido, tinha um dinheiro e comprei um terreno na cidade. Fiz um financiamento no banco e iniciei a construção de uma casa pequena com dois quartos, sala, copa, cozinha e banheiro. Acompanhei todos os andamentos da obra e em nove meses a casa estava pronta. Posteriormente eu vendi e fui fazer um curso de mestre de obras. As pessoas nem acreditam quando conto.

Como começou a sua trajetória nas causas sociais?

Após concluir a graduação em Psicologia fui morar e trabalhar como psicóloga na APAE de São Gotardo, interior de Minas. Permaneci por lá durante sete anos trabalhando com crianças especiais e tendo experiências maravilhosas. Em 1992, entrei na prefeitura de Belo Horizonte, após ter sido aprovada em concurso público como professora. Pouco tempo depois fui convidada para compor uma equipe voltada para a educação especial na Secretaria de Educação, posição conquistada devido a minha experiência na APAE.

Exerceu outras funções em Belo Horizonte?
Sim, trabalhei também na avaliação de desempenho e participei da implantação e desenvolvimento do Programa Bolsa Escola em Belo Horizonte de 1997 a 2004. Era uma equipe maravilhosa, com um trabalho de instituir a transferência de renda para a população que necessitava. Trabalhamos também na integração do Bolsa Família e do Bolsa Escola na capital.
 
Com o seu trabalho de destaque em Belo Horizonte, você foi convidada para atuar no Governo Federal. Como foi este momento de sua vida?
Estive em Brasília apresentando os bons resultados da integração entre o Bolsa Família e o Bolsa Escola, obtidos em Belo Horizonte. Após esse momento, fui convidada, em 2004, para ingressar no Ministério de Desenvolvimento Social como Coordenadora Geral de Condicionalidades do Programa Bolsa Família, tendo como objetivo integrar e aprimorar o modelo de acompanhamento junto ao Ministério da Saúde e da Educação.

Como atua o Fórum Metropolitano do Programa Bolsa Família, do qual você é secretária-executiva?

Idealizei o Fórum Metropolitano do Programa Bolsa Família, incluindo a participação dos 34 municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Em março de 2007 iniciamos as atividades. O objetivo era criar um espaço de interlocução entre os técnicos e gestores do Bolsa Família da região. Criamos câmaras temáticas com discussões específicas sobre as condicionalidades de educação, saúde, gestão e pagamentos dos benefícios. Constantemente temos atividades de formação com técnicos de universidades ou do próprio Ministério de Desenvolvimento Social. Temos encontros mensais com um dia inteiro de trabalho.

Como promover a inclusão de aproximadamente 50 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no país?
A educação é um dos principais eixos no combate a pobreza, porque quando a escolaridade dos membros da família é ampliada, os resultados começam a ser vistos a curto, médio e longo prazos, tendo melhor inserção no mercado de trabalho. A pobreza leva à baixa escolaridade.

Em 2005 você elaborou, implantou e coordenou um programa de transferência de renda específico para Nova Lima, o Programa Vida Nova. Quais são os principais objetivos do Programa e como foi implantado?

Em 2005, quando estava trabalhando no Ministério de Desenvolvimento Social (MDS) em Brasília, recebi um convite do prefeito Carlinhos para criar um novo programa social em Nova Lima. Fiquei feliz com a oportunidade, afinal, a cidade apresentava algumas áreas com concentração de pobreza. De imediato, nós trabalhamos na identificação das famílias carentes situadas abaixo da linha de pobreza, organizamos os dados e identificamos que 22% da população estava inserida nesta situação. A pobreza não está ligada somente à falta de renda, envolve também a baixa escolaridade, o acesso ao mercado de trabalho, moradia e questões de saúde. Com estes dados em mãos, criamos o Programa Vida Nova com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza. Construímos uma rede de proteção às famílias mais pobres do município e minimizamos essa situação de desigualdade.
   
Já em 2011 foi criado o Nova Lima Sem Miséria? Como funciona?
Implantamos o Nova Lima Sem Miséria ampliando os valores de benefícios das famílias atendidas pelo Programa Vida Nova e identificamos famílias até então invisíveis aos nossos olhos. Recentemente criamos o Microcrédito Produtivo Orientado, com uma linha de crédito com taxas reduzidas para os pequenos empreendedores. 

Em 2008 você foi apresentar o Programa Vida Nova em Nova Delhi, na Índia. Como foi este trabalho?
Recebi um contato de técnicos do Banco Mundial interessados em conhecer o trabalho do recém-criado Programa Vida Nova, estabelecido em Nova Lima. Foi uma viagem enriquecedora, onde pude contribuir na elaboração de ações de combate à pobreza naquele país. O desafio deles no combate a pobreza é maior que o do Brasil, principalmente devido a divisão de castas.

Deixe uma mensagem para a população de Nova Lima, que em fevereiro comemorou o aniversário de 311 anos da cidade.
Nova Lima é uma cidade com uma história de luta muito grande, principalmente pelos trabalhadores da mineração, onde no início a população era muito sofrida. O município está no caminho certo, valorizando a sustentabilidade nos níveis social e ambiental. A cidade avançou muito nos últimos anos de governo e estou convicta que teremos um futuro maravilhoso nos próximos anos.

Por Fabius Alvim
| Fotos: Welber Moreira

Voltar para Cadernos

  • Compartilhar:

Última Edição

Edição 14

Maio de 2017

Confira

Colunistas

SARAH PARDINI

Feminilidade

OHARA RAAD

Beleza e Estética

ALAIZE REIS

Engenharia Civil

RONAN GOMES

Língua Portuguesa

LINDOMAR GOMES

Direitos e Cidadania

Viva Grande BH

Rua Getúlio Vargas, 33 Bairro JK - Contagem, MG CEP 32.310-150

Contato

  • Redação: 31 2567.3756
  • Comercial: 31 2564.3755 | 3356.3865

Siga:

Assine nossa Newsletter:

(c) 2009-2010 Todos os direitos reservados. Confira nossas políticas de privacidade.

,