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Contagem completa 103 anos

Edição 12 14/11/2014 CIDADES

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Por Fleury Rosa
Participação: Décius Diniz e Natália Rosa
Fotos: Arquivo PMC

A jovem professora Camila que entrou em sala de aula naquela tarde, no primeiro dia de agosto, não era a mesma de todos os dias. Da mala que trazia nas mãos tirou “passaportes e passagens” para cada um dos alunos – presente pelo Dia do Estudante, comemorado naquele mês - avisando que naquele dia começava uma viagem muito especial.

Após a advertência para que os cintos fossem apertados, os passageiros se preparavam para seguir rumo ao velho, numa viagem de ida e volta ao ontem, à história, e de volta ao futuro.

O ponto de chegada – ou seria de partida? – é 1716. A coroa portuguesa instalava postos de registros em várias localidades para fiscalização e arrecadação de impostos. Um desses postos foi instalado aqui e deu origem ao que hoje é o segundo maior município de Minas Gerais. O nome Contagem faz referência à contagem das cabeças de gado, de escravos e mercadorias que eram taxadas no posto de fiscalização.

“A história de Contagem apresenta versões diversificadas sobre sua origem. Uma delas fala da existência de uma família com o sobrenome Abóboras que teria construído a igreja em torno da qual o município viria a surgir. Essa versão, e outras similares, não contam com documentação suficiente para serem comprovadas. Assim, a versão mais aceita refere-se aos chamados registros, criados pela Coroa Portuguesa.

Como acontecia em todos os pontos que ofereciam boas oportunidades de lucro, no entorno do posto de registro, uma grande diversidade de pessoas foi dando vida à população: senhores de escravos; proprietários de datas minerais à procura de braços e do gado para alimentação; patrulheiros; funcionários do Registro; delatores do transvio; religiosos, taberneiros, desocupados e vadios. E nas redondezas, ainda se assentavam pessoas que encontravam faixas de terras devolutas. Ali se comercializava vários tipos de gêneros, como gado, cavalos e potros; barras de ouro; ouro em pó para ser trocado por dinheiro ou com os guias. O local do posto, que ficou conhecido como Casa do Registro, é atualmente a Casa de Cultura Nair Mendes Moreira.

A cidade foi emancipada em 1911 e a primeira eleição para a Prefeitura ocorreu em 1949. Antes, é importante perceber que durante duzentos anos, de 1701 a 1901, Contagem esteve ligada a Sabará. Outro fato importante foi à elevação do arraial à categoria de paróquia, separando-se da paróquia do Curral Del-Rei por força da Lei Provincial 671, de 29 de abril de 1854. O primeiro pároco foi o padre Antônio de Sousa Camargos.

A partir de 1901, Contagem passou a integrar o recém-criado município de Santa Quitéria (hoje Esmeraldas), composto também pelos distritos de Capela Nova (Betim) e Várzea do Pantanal (Ibirité). Finalmente, a cidade foi emancipada de Santa Quitéria e elevada à condição de vila. A emancipação foi sancionada pela lei 566, de 30 de agosto de 1911, aprovada graças à ação decisiva do então senador Bernardo Monteiro. Faziam parte do novo município, chamado Vila de Contagem, os distritos de Várzea de Pântano (Ibirité), Campanha, Neves e Vera Cruz. A instalação formal do município, entretanto, só ocorreu em 01 de junho de 1912, data marcada por uma grande festa popular.

Em 1916 foi instalada a primeira Câmara de vereadores exclusiva de Contagem. Até essa data, havia uma câmara única para a cidade e para Santa Quitéria. Além disso, o presidente da Câmara ainda exercia as funções de chefe do Executivo Municipal da Vila de Contagem, pois o cargo de prefeito não existia.

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Antônio Benjamim Camargos,
primeiro prefeito de Contagem

O primeiro prefeito de Contagem, Antônio Benjamim Camargos, foi nomeado por Getúlio Vargas com a revolução de 1930, que mudou a organização do sistema municipal brasileiro. Já a primeira eleição direta para a Prefeitura de Contagem aconteceu apenas em 1949. Na ocasião, menos de 800 eleitores compareceram às urnas. Luís da Cunha, o prefeito eleito, obteve 461 votos, contra 307 de seu adversário.

Antes, em 1938, Contagem perdeu novamente a autonomia política, tornando-se distrito de Betim. Uma das versões aponta que o então governador Benedicto Valadares teria telegrafado ao prefeito de Contagem, coronel Augusto Teixeira de Camargos, dizendo que passaria pela estação do Bernardo Monteiro e por Betim, então distrito de Contagem, antes de seguir caminho para Pará de Minas, sua terra natal. O prefeito ignorou a ilustre visita e o governador foi recebido pelo chefe da estação. Em Betim, ao contrário, Benedicto Valadares foi recebido com festa e banda de música. O governador passou o final de semana em Pará de Minas, mas não se esqueceu da ofensa. Na segunda-feira seguinte, por meio do programa noturno de rádio Hora do Brasil, anunciou a destituição de Contagem como município, rebaixando-o a condição de distrito de Betim, que foi elevada à condição de cidade naquele mesmo dia.

Outra versão para a perda da autonomia considera que o rebaixamento foi uma artimanha tendo em vista a desvalorização dos terrenos da região. Isso facilitaria a aquisição de terras pelas empresas interessadas na construção da futura Cidade Industrial, já em andamento.

Essa situação perdurou até 1948, quando Contagem recuperou sua autonomia amparada pela Lei 336, de 27 de dezembro. Para isso, foi importante a Constituição de 1947, que tendeu a reforçar o poder local. Pesou também a ação do deputado Lourenço Ferreira de Andrade, um defensor do restabelecimento de Contagem à condição de município.

Cidade Industrial: a era da industrialização

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Centro comercial da Av. Amazonas/ Cardeal Eugênio Pacelli - Cidade Industrial

Nessa viagem pelo tempo, depois de passar por casarões, subir jabuticabeiras centenárias em quintais históricos, registrar presença na Casa do Registro, visitar a igreja de São Gonçalo e muito mais, os alunos foram chamados a voltar os olhos para algo marcante em suas vidas, dos antepassados e dos descendentes: as indústrias.

A crise financeira mundial de 1929 contribuiu para que a economia mineira iniciasse a década seguinte (1930) em frangalhos. Representantes dos setores produtivos e da tecnocracia estadual passaram a advogar a tese de que o estado, rico em recursos naturais, precisava se industrializar para superar o atraso econômico. Como resultado dessa nova orientação política, em 1941, o governador Israel Pinheiro inaugurou o sistema de distritos industriais que seria gradualmente construído em Minas Gerais ao longo das décadas seguintes.

A criação do Parque Industrial, mais tarde denominado Cidade Industrial, em Contagem, foi a primeira e principal medida resultante desta nova política. A região foi escolhida por ser vizinha da capital, apresentar relevo suave e ter boas condições de acesso às estradas que ligam Minas Gerais ao Rio de Janeiro e a São Paulo. A Cidade Industrial Juventino Dias foi instituída em 1941, mas só passaria a existir de fato a partir da década de 1950. Em 1966, a Cidade Industrial já estava com sua capacidade praticamente esgotada. Em 1970, novamente por iniciativa do poder público, foi iniciada uma nova expansão industrial no estado. Mais uma vez o local escolhido foi em Contagem onde foi implantado o Centro Industrial de Contagem - Cinco.

Expansão urbana 

Em 1949, Contagem recuperou a autonomia política e administrativa. A proximidade com Belo Horizonte e a industrialização, a partir de 1952, trouxeram resultados positivos. A cidade cresceu, prosperou, ganhou importância econômica e se transformou na segunda maior do estado.

A região Nacional é fruto do parcelamento de áreas de fazenda na área da Pampulha nos anos 50 do século 20; a região da Ressaca começou com o loteamento da fazenda do Confisco nesse mesmo período, e foi ainda mais estimulada pela chegada da Ceasa; o Eldorado foi criado a partir de 1954, como uma extensão da Sede; a região do Petrolândia foi resultado da implantação da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, no final da década de 1960; Vargem das Flores surgiu com a criação da represa e do bairro Nova Contagem no início dos anos 1970.

Modernidade, progresso e desenvolvimento 

Nos últimos anos, o Brasil superou os grandes entraves ao crescimento sustentado da economia: inflação controlada, o país equilibrou as contas externas, tem grandes reservas em dólar e voltou a crescer com distribuição de renda. Isso propicia à cidade resolver problemas antigos de infraestrutura (trânsito e saneamento), manutenção dos espaços públicos, habitação e nas políticas sociais de educação, saúde e segurança pública. Além de dinamizar a economia e gerar mais empregos.

Hoje, Contagem é a 3ª cidade mais rica de Minas Gerais, a 2ª na geração de empregos e, maior que muitas capitais, ocupa a 25ª posição entre os municípios mais ricos do país.

Como resultado de todas as ações de todos os segmentos sociais nos quase 300 anos de fundação do município e nos 103 anos de emancipação política, completados este ano, o povoado que começou pequeno, cresceu e se transformou em um dos mais importantes de Minas Gerais e do Brasil.

Ao final da aula a professora Camila propôs aos alunos algumas atividades de pesquisa envolvendo a centenária história do município em setores como Política, Cultura e Arte, Turismo, Economia e Sindicalismo, Educação, Transporte, Pontos turísticos, Saúde, Religiosidade, Esporte e personalidades.

Contagem na luta pela democracia 

Os alunos foram divididos em grupos e passaram a debater que temas específicos iriam pesquisar. No primeiro, um aluno declarou ter visto algo sobre uma exposição sobre o Golpe de 64 sob novos olhares e que trata também da questão do sindicalismo.

Quem viu e conferiu de perto o trabalho aprendeu que a greve dos metalúrgicos, em 1968, foi um marco na luta contra a ditadura brasileira e que a primeira grande mobilização sindical do Brasil durante a ditadura militar instalada no país em 1964 aconteceu em Contagem.

Os alunos pesquisadores apuraram que “entre 1950 e 1964, o Brasil caminhava para a urbanização, com a mudança do pólo dinâmico da economia do campo para as cidades”. Como fruto da expansão democrática ocorre em todo o país um expressivo crescimento dos movimentos sociais reivindicativos. É a época das grandes manifestações nacionalistas. O movimento estudantil estava em plena atividade com a liderança da UNE, formam-se sindicatos, associações de classe e partidos políticos de orientação socialista. Em Minas, com a Cidade Industrial em processo de implantação e crescimento, surge um campo fértil para a eclosão desses movimentos trabalhistas.

O golpe militar, em 31 de março de 1964, reprimiu violentamente os movimentos reivindicatórios, com prisões, torturas e cassações de mandatos e direitos políticos e dirigentes de entidades, suprimindo grande parte dos direitos trabalhistas. O governo desvalorizava o salário mínimo ao passo que a inflação começava a aumentar freneticamente. Em meados de 1967, as eleições para a diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem foi vencida por uma chapa de esquerda, ligada ao extinto Movimento Intersindical Antiarrocho (MIA), que defendia as lutas apoiadas nas comissões de fábricas, além de se manifestar contra o regime militar. Por determinação do regime, essa diretoria foi cassada pela Delegacia Regional do Trabalho antes mesmo da posse, sendo substituída por uma junta interventora formada por sindicalistas conhecidos como “pelegos”.

A diretoria cassada manteve a atividade junto às bases e na campanha salarial de 1968 incitou a reivindicação de 25% de reajuste salarial. Como parte da estratégia de radicalização, os sindicalistas ocuparam a siderúrgica Belgo Mineira, iniciando a greve que paralisaria as atividades dos 1.200 trabalhadores da fábrica.

Apesar de o direito de greve estar suspenso, a greve não apenas continuou como se expandiu. Ao terceiro dia, a paralisação atingia a Mannesmann, SBE, Belgo de João Monlevade, Acesita, paralisando cerca de 20 mil trabalhadores em poucos dias.

Repressão 

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O ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, em Contagem tentando
demover os trabalhadores da decisão de greve

O então ministro do trabalho, coronel Jarbas Passarinho, compareceu a uma assembleia dos grevistas em Contagem e teria dito a eles que “se as condições se agravassem, haveria luta e perderia quem tivesse menos força, embora não quisesse fabricar e nem se transformar em cadáveres”. Em cadeia nacional de rádio e televisão conclamou “o início da guerra” aos operários contagenses, desencadeando uma forte repressão contra os grevistas. No dia 24 de abril de 1968, militares ocuparam a Cidade Industrial, proibiram assembleias, distribuição de boletins e os ajuntamentos. A repressão forçou os trabalhadores a abandonarem, gradativamente, o movimento. A greve, entretanto, era tão forte, e havia alçando tamanha repercussão nacional, que os empresários mantiveram a proposta de 10% de reajuste dos salários.

No dia 1º de maio de 1968, com os operários ainda em greve, o presidente Costa e Silva autorizou o reajuste salarial pondo fim ao movimento.

A greve dos metalúrgicos de Contagem foi a primeira grande manifestação das classes trabalhadoras brasileiras, sob o regime militar, contra o arrocho salarial e pela democracia. A partir de 1976, a Arquidiocese de Belo Horizonte passou a realizar na Praça da Cemig, a Missa do Trabalhador, com a participação das pastorais sociais. Em 2014 completa-se 38 anos da tradicional celebração, que leva centenas de fiéis à Praça da Cemig, para rezar e pedir melhores oportunidades de trabalho, para junto com a missa realizar ato público em defesa de suas bandeiras de lutas.

Casa legislativa, casa do povo

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Em 1891 foi criado o município de Santa Quitéria composto pelos distritos de Contagem, Capela Nova Betim e Várzea do Pantanal, com finalidade de se condicionar o Dr. Cassiano Nunes Moreira ao cargo de Presidente da Câmara e Chefe do Executivo Municipal. Os vereadores gerais foram Francisco Firmo de Mattos e José Nogueira Duarte.

No dia 30 de agosto de 1911 foi criado o município de Contagem e os vereadores especiais continuaram a ter assento na Câmara Municipal de Santa Quitéria.

A instalação do município deu-se em 01 de junho de 1912, quando aconteceu também a instalação da Câmara da Vila de Contagem, sendo presidente João Cizinando e Costa. O chefe do Executivo foi o coronel Augusto Teixeira Camargos que governou por 12 anos (1912 a 1924).

Em 07 de junho de 1924 o coronel Francisco Firmo de Mattos sucedeu Augusto Camargos no cargo de Chefe do Executivo. O Partido Republicano dominou perto de 30 anos as eleições contagenses. O jornal Diário de Minas de 09 de julho de 1924 informava que, cumprindo as formalidades legais o Coronel Augusto passava ao Coronel Firmo de Mattos todos os livros e balanços de Municipalidade, com as contas fechadas, em 31 de março.

Em 21 de julho de 1924, uma renúncia sacode a política contagense, o coronel Camargos renunciou aos cargos de Vereador Especial e Presidente da Câmara, dos quais estava licenciado. A Câmara não aprovou o pedido, mas o vereador, com forte decisão, dá lugar ao coronel Francisco Firmo de Mattos, para os importantes cargos.

A segunda Câmara Municipal (1916 – 17) era composta pelos vereadores gerais João Cizenando e Costa, João Batista da Rocha, Antônio Augusto Diniz Costa, Francisco Firmo de Mattos, Augusto Teixeira de Camargo, Randolpho José da Rocha, Pedro de Alcântara Diniz Moreira Júnior. A primeira mesa eleita teve como presidente o vereador Augusto Teixeira de Camargos e vice o vereador Francisco Firmo de Mattos.

Atualmente, integram a Legislatura 2013-2016, os vereadores Alex Chiodi, Arnaldo de Oliveira, Beto Diniz, Capitão Fontes, Caxicó, Décio Camargos, Fredim Carneiro, Gil Diniz Teteco, Eduardo Sendon, Irineu Inácio da Silva, Isabella Filaretti, Jair Tropical, José Antonio do Hospital Santa Helena, Leo Motta, Obelino Marques, Ricardo Faria, Rodinei Ferreira Dias, Rogério Marreco, Sílvia Dudu, Zé de Souza e William Batista.

O vereador, no exercício do mandato, tem duas funções básicas, uma legisladora, com a missão de elaborar, propor, debater e votar os projetos e leis de interesse do município e outra fiscalizadora, como dever de acompanhar a administração do Poder Executivo, controlando os atos do Prefeito, Vice-Prefeito e Secretários. Observar se a legislação está sendo cumprida e fiscalizar a aplicação do dinheiro público, arrecadado em impostos, taxas e repasses dos governos Federal e Estadual.

Política se faz com estabelecimento de parcerias 

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A gestão Carlin Moura assegura ter ótima relação com os governos Federal e Estadual. “Continuamente, temos ido a Brasília e sido recebidos pela nossa presidente Dilma Roussef e seus ministros, que têm atendido precisamente as nossas solicitações de investimentos para Contagem. A presidente sempre deixou claro o seu carinho por Contagem e tem nos dado uma atenção especial. Da mesma forma, celebramos parcerias permanentes com o governo estadual, com resultados concretos à cidade. Somos atendidos com muita presteza pelo governo de Minas, Cemig, Copasa, Gasmig. Enfim, Contagem é respeitada e encontra as portas abertas em todos os lugares por onde é conhecida. Como vice-presidente da Granbel (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte), também estamos buscando soluções com os municípios metropolitanos para os problemas comuns das cidades, como a mobilidade urbana, a saúde e a segurança”.

Contagem: uma cidade industrial por excelência

Agosto é o mês dos estudantes, mas na escola da professora Camila eles não tiveram folga não. Teve um grupo que ficou responsável por descobrir e contar aos demais porque Contagem recebe – com orgulho – a denominação de cidade industrial.

A primeira pesquisa levou os alunos a entender que a crise financeira de 1929, que abalou o mundo inteiro, marcou o início de uma nova etapa na vida do antigo posto de registro e a decisão do governo mineiro de adotar uma nova política econômica. A escolha de Contagem para abrigar o primeiro parque industrial do Estado pouparia Belo Horizonte, considerada a “Cidade Jardim” de Minas Gerais. Nascia ali a Cidade Industrial Juventino Dias, que só saiu mesmo do papel nos anos 1950.

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Houve razões para a demora. A principal delas era a ausência de energia elétrica. O sistema elétrico mineiro era precário e dependia, basicamente, da iniciativa privada. A criação de uma empresa de energia elétrica capaz de dar suporte à implantação de um parque industrial em Minas era um dos grandes objetivos do governo Milton Campos (1945 a 1950) que realizou todos os estudos e projetos necessários à criação da Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig. A criação da Cemig ocorreu em 22 de maio de 1952 e sua missão era dotar o Estado da energia necessária para se desenvolver. A primeira grande indústria a se instalar em Contagem foi a Mannesmann, cujas obras se iniciaram em maio de 1952.

O Centro Industrial de Contagem, autarquia mais conhecida como Cinco, recém-criado, ficou com a missão de planejar, organizar, administrar, controlar, promover e expandir de forma integrada, os distritos industriais da cidade, de modo a oferecer condições ideais à implantação e desenvolvimento de unidades fabris, com a observância da técnica urbanística e da realidade socioeconômica.

Também cabe ao CINCO a gerência do Distrito Industrial Coronel Juventino Dias - Cidade Industrial; Distrito Industrial Cinco - Perobas; Distrito Industrial Hélio Pentagna Guimarães - Polo Moveleiro da Ressaca; Distrito Industrial Cinquinho e Distrito Industrial Inconfidentes.

Contagem tem grande crescimento econômico  

A administração do prefeito Carlin Moura também foi ouvida pelos alunos da professora Camila sobre temas variados, e a Economia, claro, foi um deles. Um dos aspectos da conversa permitiu avaliar os avanços da cidade cuja vocação principal continua sendo a indústria, “apesar do forte crescimento dos setores de comércio e serviços nos últimos anos.” Prova disso, foi o crescimento de 14% dos estabelecimentos comerciais no ano passado, em que o município ganhou 3.500 empreendimentos comerciais, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas de Contagem (CDL). Também houve um crescimento de 6% do comércio varejista no período de fevereiro de 2013 a fevereiro de 2014.

“Estamos trabalhando para fomentar a economia em todos os seus níveis, apoiando a vinda de novas indústrias e fortalecendo a cadeia produtiva contagense, sempre com diálogo e respeito, além de ampliar os setores de comércio e serviços. Realizamos o Seminário: “A Participação da Indústria de Contagem e de Minas Gerais nos projetos estratégicos da Indústria da Defesa do Brasil”, em que o objetivo foi ampliar os arranjos produtivos na cidade, fazendo com que Contagem seja um Polo da Indústria da Defesa”.

Novos investimentos

Ações concretas foram implementadas, relata o prefeito, “visando atração de novos empreendimentos. Reduzimos o tempo gasto na emissão do Certificado de Regularidade Ambiental. Antes se gastava em média até dois anos para a emissão desses certificados. Hoje, gasta-se em torno de dez dias. Reforça- mos o “Minas Fácil”, que funciona na avenida José Faria da Rocha, no antigo prédio do Banco do Brasil, no Eldorado. Centralizamos lá os atendimentos das secretarias de Desenvolvimento Urbano, Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente, visando agilizar os procedimentos de liberação de alvarás e licenciamento prévio”.

Conquistas importantes podem ser percebidas, como por exemplo, na questão do emprego.

“Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontaram Contagem como líder na geração de empregos em Minas, em 2013. A cidade foi a que mais gerou empregos com carteira assinada em Minas Gerais, alcançando um saldo positivo de 6.908 empregos. No início de 2014, houve um incremento na produção industrial de Contagem. A indústria de transformação (metalurgia, segmentos alimentícios, setor automotivo e produtos derivados do petróleo) passou a ser responsável pelos empregos formais gerados na cidade”.

Contagem acrescenta, “é grande geradora de empregos no setor industrial, a terceira maior economia de Minas Gerais e o terceiro maior PIB do Estado. A nossa Secretaria de Desenvolvimento Econômico, por meio da autarquia Cinco (Centro das Indústrias de Contagem), está trabalhando para a revitalização dos nossos cinco distritos industriais já existentes, além de apontar as estratégias para a implementação de novos territórios produtivos e novos centros industriais, valorizando as parcerias com a iniciativa privada. Faremos também a modernização da legislação econômica do município, visando adequar Contagem aos novos desafios da indústria de desenvolvimento econômico. Estamos em negociação com o governo do Estado, por meio da Codemig, para que o município volte a administrar o Centro Industrial Juventino Dias, mais conhecido como Cidade Industrial. Estamos realizando projetos em comum acordo com a Fiemg, o IEL e a Fundação Dom Cabral para ampliarmos os arranjos produtivos no município de Contagem. Queremos que a cidade se torne um Polo da Indústria da Defesa e que amplie os polos de Tecnologia da Informação (TI), Fármacos (Ciência da Vida), Polímeros, Logística, além de fortalecer os setores automotivo, alimentos, agregando ainda a biotecnologia e a nanotecnologia. Também temos uma grande sintonia com o Ministério da Indústria e Comércio, Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado, INDI, Codemig, entidades do setor produtivo e universidades. Com esses investimentos, acreditamos que Contagem poderá crescer em geração de emprego e renda, além de garantir, por meio dos esforços envidados, mais dignidade de vida para a nossa população contagense. Não nos esquecemos de fomentar aqui em Contagem também a Economia Solidária, o cooperativismo e a aquicultura familiar”.

O que se pode projetar para o futuro

Ainda falando em distritos empresariais, vale ressaltar a criação do Cecon. Com uma infraestrutura moderna e tudo que é necessário para se instalar, o novo Centro Empresarial de Contagem está dentro de um novo conceito de áreas destinadas a grandes empreendimentos, que engloba segurança, espaço de entretenimento e lazer, além de todos os princípios ecológicos determinados por Lei, com diferenciais que fazem dele “referência verde” sendo que mais de um milhão de metros quadrados de sua área serão preservados. A Construção do novo Centro tem por objetivo atrair para Contagem além de novas empresas, mais desenvolvimento econômico, emprego e qualidade de vida para todos.

O Centro Empresarial será implantado em parceria com o grupo Elo S/A num terreno de 4,2 milhões de metros quadrados, situado no local denominado Fazenda das Abóboras, em Contagem, às margens da BR-040, no sentido Sete Lagoas e terá capacidade para abrigar aproximadamente 250 empresas. Este será o maior complexo industrial do município e terá localização estratégica para o escoamento da produção.

A escolha da região de Nova Contagem para receber o novo Centro Empresarial foi destacada, no governo anterior, como “um marco para a cidade que irá refletir no crescimento econômico de uma região que carecia de investimentos. Destaque também para o alcance social do projeto através do aproveitamento da mão de obra local, do crescimento da receita com o incremento de aproximadamente R$ 7 milhões em arrecadação de IPTU e aumento do Valor Adicionado Fiscal (VAF)”.

De acordo com os atuais administradores municipais, “Contagem tem um papel estratégico na economia do Estado e estamos trabalhando, como já relatamos, para ampliar a nossa vocação industrial. Com isso, ganharemos em todos os outros setores. O setor econômico é o motor que move o país, os estados e municípios. Dessa forma, ao investirmos no crescimento da nossa economia, ganharemos nos recursos a serem aplicados em setores essenciais para os contagenses, como saúde, educação, social, segurança, dentre outros. Estamos implementando um plano de desenvolvimento integrado do nosso Parque Industrial com visão para 20 anos, em que vai preparar a nossa cidade para o futuro. Em parceria com CDL estamos sempre valorizando o comércio local, incentivando que as pessoas de Contagem façam suas compras em Contagem mesmo que, além de ser o melhor lugar para se fazer compras, garante recursos que promovem a qualidade de vida da nossa gente.”

Cultura é coisa séria

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Aprender é uma grande diversão, certo? Claro que sim. E um grupo de alunos da professora Camila conseguiu comprovar isso muito bem. A eles coube falar da cultura no município. Aprenderam sobre os Arturos, sobre Tony Vieira, sobre os agentes culturais independentes, em meio a uma grande diversão.

Começaram por aprender que cultura é coisa muito séria, que precisa ser cultivada, incentivada, produzida e apreciada por todos e não apenas por um pequeno grupo de heróis da resistência.

Um exemplo disso, a Fundação Cultural da cidade acaba de anunciar que o Cine Teatro Tony Vieira, há quase dois anos fechado, deverá receber as intervenções de restauração para que possa ser reaberto ao público. De acordo com a Fundac, estão sendo feitos estudos técnicos que vão orientar o projeto de restauro, que deve ficar pronto ainda este mês.

A luta pela restauração do Cine Teatro não é de agora. Quando ainda em uso, nas campanhas ali realizadas, os próprios artistas que se apresentavam naquele palco cobravam uma iniciativa neste sentido. Representantes da classe artística de Contagem também se expressam de várias maneiras para cobrar uma ação mais efetiva da população e do poder público neste e em outros aspectos da defesa intransigente da cultura local, como um maior espaço para as produções aqui realizadas.

Um mosaico à espera de atenção 

ed12_contagem_103anos_09.pngA Casa de Cacos de Contagem é criação do geólogo Carlos Luiz de Almeida (1910-1989). Fica no número 132 da Rua Ignez Glanzmann (homenagem à mãe de Carlos), no Bairro Bernardo Monteiro. O ponto de partida foi a reforma de um banheiro, em 1964, ambiente que foi revestido com cacos de louças.

Os amigos gostaram e incentivaram Carlos a continuar. Uma década mais tarde, todo imóvel, muros e passeio estavam transformados. Havia retrato de JK feito com o mesmo material, só que vindo de Diamantina, segundo o geólogo, “para ficar mais autêntico”. O trabalho foi feito por Carlos aos sábados, domingos e feriados, sozinho ou ajudado por vizinhos. A dedicação ao projeto fez com que o geólogo ganhasse a fama de louco. Mas a casa acabou virando atração e fez de seu criador uma celebridade. Carlos Almeida certa vez definiu a construção como “uma revolução na arquitetura contemporânea”. O imóvel foi comprado pela Prefeitura de Contagem em 1990 e tombado como patrimônio cultural do município em abril de 2000.

A Casa de Cacos é também parte importante da cultura contagense. Ela expressa um momento da arte popular de Minas Gerais que ganhou admiradores e notícias no Brasil e no mundo nos anos 1970. Fechada desde 2005 para garantir a integridade da edificação tombada como patrimônio cultural do município como obra de artesão e atração turística. A Casa dos Cacos, desejam todos, é a “obra que precisa recuperar o brilho de outrora, com os caprichosos mosaicos do imóvel limpos, as peças recuperadas e a construção restaurada, sem a presença de moradores indesejados como escorpiões e delinquentes”.

Para a Casa dos Cacos a Fundação Municipal de Cultura também tem boas notícias. “Está sendo elaborado o projeto arquitetônico da Casa de Cacos pela O3L Arquitetura, com previsão de finalização ainda este ano”.

Tradição e fé formam patrimônio do Estado  

Quem continua escrevendo sua história com tintas vivas do sucesso é a Comunidade dos Arturos. Em maio deste ano, o Conselho Estadual de Patrimônio (Conep) reconheceu a comunidade localizada no bairro Jardim Vera Cruz, por unanimidade, como Patrimônio Cultural Imaterial de Minas Gerais.

Os Arturos são uma comunidade familiar, tradicional, de ascendência negra, formada pelos descendentes e agregados de Arthur Camilo Silvério e Carmelinda Maria da Silva. Em sua vivência diária, eles mantêm diversas expressões culturais e festas tradicionais como Batuque, Folia de Reis, Reinado de Nossa Senhora do Rosário, Festa da Abolição e Festa do João do Mato.

Para o Iepha, Patrimônio Cultural Imaterial é entendido como as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas que as comunidades reconhecem como o seu patrimônio cultural e que é transmitido de geração em geração, recriado pela comunidade ou grupos em função do seu ambiente e da interação com a natureza e sua história, gerando um sentimento de identidade e de continuidade.

Gente que nasce, vive e se renova a cada geração

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Antônio Maria da Silva, ou simplesmente ‘Seu Antônio’, é filho de Artur Camilo Silvério, nome importante na história da cidade e mais ainda na comunidade que fundou aqui e lhe deu o próprio nome: Arturos. Ele nasceu na Mata do Macuco - atual localização do Bairro Retiro - em 1935, no dia 28 de julho, período em que a família já brincava o Reinado. “Os familiares trabalhavam como agregados dos outros lá na mata, plantavam “na meia” com os outros. Na mata tinha tudo, tropas, carro de boi, podiam fazer farinha. “Minhas irmãs, coitadas, morreram de tanto socar arroz, soprar feijão, soprar arroz”, recorda.

Dessa época também a lembrança do João do Mato, que pouca gente ou quase ninguém sabe o que é. “É juntar dez, quinze companheiros capinando e roçando e cantando, o chamado mutirão. Você não dava conta de capinar sua roça, aí chamava seus amigos e eles iam pra lá ajudar a capinar sua roça”, explica Seu Antonio.

A criação da Comunidade dos Arturos também é uma lembrança dos tempos de criança de ‘Seu Antônio’, do terreno que o pai Artur Camilo Silvério possuía aqui em Contagem. “Quando nós estávamos na Mata do Macuco, meu cunhado veio até a cidade para registrar minha sobrinha. Quando voltou, na Fazenda do Morrão, a égua dele afrouxou e precisou ser deixada numa manga de porco (chiqueiro grande), para ser resgatada depois. O encarregado da fazenda denunciou a égua dele e sumiu com ela. Quando meu cunhado foi lá caçar a égua, não achou mais. Procurou a polícia e deu parte. Naquela época a polícia tinha uma autoridade que hoje acabou, foi atrás do homem lá perto de onde hoje é o Icaivera, fez ele caçar o animal pros lados do Batatal (atual Várzea das Flores) e ainda deu uns safanão no cabra. Ele ia entregar a égua para a polícia, mas o policial falou que era para ele entregar paro meu cunhado e pedir perdão”, detalhou.

‘Seu Antônio’ acrescenta que um irmão não conseguia arrumar emprego onde viviam e decidiu ir para a região das abóboras para trabalhar. As irmãs também o seguiram e foram fazer farinha. Ficavam indo e voltando até que o pai determinou a construção de um rancho naquele seu pedaço de terra e que os filhos mudassem para lá, para ficar mais perto. “No primeiro sábado depois da mudança eles voltavam para casa do pai para levar dinheiro e ajudar a tratar de todos. Foi quando Artur Camilo resolveu mudar também, dizendo que não queria que os filhos se separassem e sofressem o que ele sofreu. Veio a família toda e cada um fez sua casinha, formando a Comunidade dos Arturos, porque todo mundo passou a dizer que ia lá nos Artur. Aí o povo falava “Vou lá nos artur, nos arturos, foi ai que surgiu o nome da comunidade que hoje abriga cerca de 500 descendentes de Artur Camilo”.

Mais que viver juntos, a família preserva as tradições de seu povo. ‘Seu Antônio’ ensina nunca deve esquecer que se teve um pai e “foi ele quem nos ensinou a trabalhar, a ser homem, honesto, ter vergonha na cara… Isso é o pai. Hoje, cadê isso? Os próprios governantes tiraram isso. O pai não tem autoridade mais”

 Uma das maiores manifestações dessa tradição é a festa do 13 de maio, em homenagem à Nossa Senhora do Rosário. Esta festa é uma “homenagem aos escravos, que foram os fundadores do Reino de Nossa Senhora do Rosário. “Quando chega a festa de Nossa Senhora do Rosário, nós nos lembramos dela, o choro, a benção… Tudo isso foi Nossa Senhora. Quem trouxe isso foram os escravos… As três palavras, a santíssima trindade. Tudo veio do choro de Nossa Senhora e quem guardou isso foram os escravos”, comemora.

Os Arturos também celebram a Folia de Reis, o João do Mato, que é em novembro. “Tem o Batuque, tem Roca, tem o Filhas de Zambi, o Axé. Isso é preservação da cultura. Nós só não preservamos hoje a plantação porque ficamos muito espremidos neste terreno”, completa.

Cultura é bem mais do que a imaginação permite ser

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Quem frequenta praças, teatro, cinema, assiste a shows, enfim, está minimamente ligado a ações culturais na cidade ou está um pouco mais antenado nas redes sociais, certamente conhece Jessé Duarte Baderna ou já ouviu falar deste ator, diretor, faxineiro, costureiro, carregador de cenários e adereços, e tudo mais na Cia. Crônica de Teatro.

Os alunos da professora Camila não perderam a chance de conversar com alguém que representa importante parcela do setor cultural, nem sempre completamente entendido e quase sempre não atendido em suas demandas, realidade em todos os cantos do país. A convicção do grupo que foi falar com Jessé Baderna é a de que produzir cultura não é fácil em lugar nenhum. Apesar dessa constatação, ele e um grupo de artistas e pessoas ligadas à cultura insistem na luta. “Bom, precisamos pensar novos caminhos que possibilitem a criação de uma identidade, não a de cidade dormitório e de imigrantes culturais. Desde 2009 com a fundação do Fórum Popular de Cultura discutimos formas de cobrar políticas públicas e de pensar caminhos coletivos e independentes para fazer algo mesmo diante da realidade de ausência de apoio. O que nos leva a agir assim é a necessidade de contrapor ao favoritismo de poucos. Hoje temos o principal festival da cidade, o F5, temos os grupos e artistas mais atuantes no movimento, e ninguém tem aceitado receber apoio em forma de favores. Cobramos editais democráticos, um órgão gestor e alguns resultados já são evidentes”, revela o artista.

ed12_contagem_103anos_13.pngO F5 citado por Baderna é o Festival de Cultura Independente de Contagem e é uma das maneiras encontradas pelo grupo para manifestar a busca e o resgate do sentido real do que é cultura. “Cultura se produz independente de qualquer coisa, ela se dá no convívio e a partir das relações entre as pessoas e o meio em que vivem. Dai, pensar a produção cultural independente é pensar que a arte não pode existir meramente com o intuito de ganhar dinheiro, mas sim, que o artista e a arte devem ganhar e ter subsídios para manutenção de sua produção. Isso perpassa por pensar a cultura enquanto direito social e portanto responsabilidade do Estado. É muito difícil, mas é possível produzir além do poder econômico, porque na realidade é a criação que pode se tornar uma mercadoria ou não. O que está em jogo para definir isso é como se dão as relações de trabalho. Por isso a cultura e arte devem ser pensadas como um direito assim como a saúde, educação, etc. Quem na realidade paga pelo trabalho dos profissionais da cultura é a população, através de impostos que o estado recolhe e administra. Na cultura é o contrário e mesmo sendo um direito o Estado deixa que ela se torne uma mercadoria e que o próprio artista perca sua independência produzindo para alcançar objetivos de mercado e não sociais, como garantir a democratização do acesso. Quanto mais o artista se prende aos processos mercadológicos, mais ele reproduz uma ideologia de consumo”, esclarece.

O F5 é um festival que se consolidou em suas três edições e ainda vem se consolidando numa dinâmica de aprendizado coletivo. É um grande laboratório prático de produção alternativa e mobilização da população em torno da cultura e da arte. “Este ano, na terceira edição, tivemos eventos lotados e dezenas de atrações, oficinas e seminários, atingindo regionais mais afastadas e promovendo uma vida cultural na cidade. O festival sempre deixa frutos, como o Apoema Sarau livre, Cine Sem Churumelas, Casa do Movimento Popular, Batalha da Glória, que são atividades e espaços voltados para cultura independente ao longo de todo ano. Hoje talvez o F5 seja o principal festival do gênero no Brasil, no que se refere a modo de produção e construção, sempre sem seleção e com o critério de participação para quem quer realizar alguma atividade no festival. O festival ainda tem uma característica interessante onde se tem grandes públicos para conferir o trabalho do artista local. Não é o artista consagrado quem atrai o público, mas a necessidade de reconhecimento e valorização da cultura local. essa talvez seja a maior vitória do festival”, comemora.

Cultura e a arte do bom diálogo

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A Fundac assegura que “sempre esteve aberta para os grupos artísticos e promove ações de integração e apoio. Através do Programa de Formação na Área da Cultura já realizamos vários cursos de formação, incluindo cursos de Agente Cultural, Fotografias em parceria com Funec/ Pronatec. Realizamos 10 oficinas de captação de recursos em todas as Regionais de nossa cidade, onde participaram mais de 120 artistas. Entre os dias 18 a 29 de agosto de 2014, realização em parceria com o grupo Armatrux de oficinas de formação, mostra de resultados e espetáculo. Com o patrocínio da empresa Belgo Bekaert Arames e o apoio da Fundação Arcelor Mittal do Brasil e da Fundação Cultural de Contagem, o Galpão Cine Horto, centro cultural do Grupo Galpão, realizou, entre os dias 11 abril e 26 julho 2014, o curso de Gestão e Produção Cultural, com a participação de 40 alunos e carga horária de 120 horas”.

Ainda segundo a fundação, “o Conselho Municipal de Política Cultural, órgão deliberativo e consultivo responsável para pensar as políticas públicas para o município é paritário e os artistas foram eleitos em todas as regionais de Contagem em assembleia e nele estão representados os diversos seguimentos das artes. A Comissão de Avaliação de Projetos, responsável para avaliar os projetos dos artistas de Contagem com os recursos do Fundo Municipal de Cultura, também é um órgão paritário onde os artistas foram eleitos em uma assembleia que contou com a participação de mais de 100 artistas. O Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (COMPAC), órgão responsável pelo patrimônio cultural por meio de inventário, registro, tombamento, vigilância e desapropriação é um conselho de caráter deliberativo e tem a presença de forma paritária de instituições da sociedade civil, como a OAB e CAU”.

Acrescentam os gestores que “depois de um intervalo de mais de 8 anos realizamos em 2012 a Segunda Conferência Municipal de Cultura de Contagem. A Conferência aprovou várias resoluções que a FUNDAC está colocando em prática, como o primeiro Edital Público do Fundo Municipal de Incentivo a Cultural. Nele se inscreveram 163 artistas, de todos os seguimentos das artes, sendo que 45 projetos foram contemplados, sendo 13 de Artes Cênicas, 11 de Músicas, oito de Literatura e Publicação, cinco de Artes Visuais, cinco de Formação Cultural, um de Espaço e Grupos Coletivos Culturais e um de Cultura Popular”.

 

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