• Grande BH, 21 de Janeiro de 2018
  • 09:38h
  • Siga:

Página PrincipalA Revista Cadernos ARTE E CULTURA Cia do Chá

Cia do Chá

Edição 04 31/03/2012 ARTE E CULTURA

ed_04_pag_46

Cia do Chá usa linguagem poética para produzir espetáculos

Falar da ordem e da desordem da vida cotidiana. Da “coisificação” do homem, que frente a tantos desejos se vê transformado na própria coisa que almeja. Da sua constante insatisfação com o mundo. E das visões tão díspares que os homens têm para um mesmo assunto. Essas são algumas das preocupações da Cia do Chá, companhia de teatro de Belo Horizonte, que busca, por meio de suas criações e releituras, refletir sobre as questões existenciais.
Fundada em 2008, por artistas formados pelo Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado (CEFAR), a Cia do Chá baseia suas criações nas diversidades de desejos e identidades artísticas de seus integrantes. “Eu definiria a Companhia como um grupo de jovens, que unido pelo forte desejo pelo poético, tenta transformar o hibridismo de seus integrantes em experimentações e linguagens teatrais”, ressalta Vinícius Souza, um dos componentes da trupe.
Antes mesmo de se formarem no curso, os artistas estrearam em 2009 o espetáculo “Da ordem das coisas”, dirigido por Vinícius Souza. A peça traz uma reflexão sobre o ser humano e suas relações com os outros e consigo mesmo, ao mostrar como um casal reage à perda de um objeto simples do cotidiano. No mesmo ano, a companhia participou do 10° Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, em Belo Horizonte, com a cena “A Mudança”, dirigida por Francis Severino. A cena foi vencedora do projeto Cena Espetáculo 2009. “O que aconteceu na nossa trajetória é que um trabalho veio sempre muito perto do outro. E após vencermos o projeto, tivemos que transformar ‘A Mudança’ em espetáculo”, destaca Vinícius Souza.
O grupo realizou ainda uma parceria com a Preqaria Cia de Teatro, participando do espetáculo “Fausto(s!)”, dirigido por João Valadares. A peça foi contemplada com o Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2009.  Em 2011, a Cia do Chá estreou a cena curta “Ensaio para outra história”, dirigida por Vinícius Souza, no 3° Festival Breves Cenas de Teatro (Manaus/AM), contemplada com o Prêmio Criação em Dramaturgia.
No final de 2011, o grupo realizou o projeto “Na Cia do Chá”, temporada de mostra de repertório com cenas de grupos convidados, apresentada no Esquyna (Espaço Coletivo Teatral). Para este ano, pretendem repetir a dose, reapresentando os seus espetáculos.

Cenas curtas

Da mesma forma que no cinema tem os curta-metragens e os romances possuem os contos, o teatro também trabalha com o formato de cena curta, ou seja, pequeno espetáculo com no máximo 20 minutos de duração. Apesar de parecer mais fácil de ser produzido, esse tipo de espetáculo requer uma grande capacidade de síntese de seu realizador. “Nós temos um grande apreço pelas cenas curtas. Normalmente, pensa-se que esse formato é um trabalho menor e inacabado, que vai se transformar em espetáculo. No entanto, valorizamos a cena curta como espetáculo em si”, afirma Vinícius.
Segundo ele, esse formato deu mais visibilidade ao trabalho do grupo, que se apresentou em diversos festivais pelo país. Um exemplo é “A Mudança”, que mesmo transformada em espetáculo continuou atraindo os olhares do público no seu formato mais curto.

Espetáculo arte

“Sempre foi uma política nossa trabalhar com um teatro que fosse primeiro visto como arte. Não que ele não seja também entretenimento.” A frase do integrante da Cia do Chá sintetiza bem o mote escolhido pelo grupo para trabalhar nos palcos. Apesar do longo caminho enfrentado por eles e por tantos outros grupos para conseguirem patrocínio via leis de incentivo, o grupo não se intimida ao apresentar uma proposta de trabalho mais artística. “A gente quer fazer um teatro que divirta. Que seja um programa para o final de semana, mas que não seja necessariamente entretenimento. E fazer isso é muito difícil, principalmente, porque estamos em uma sociedade muito acostumada com a linguagem televisiva”, completa Vinícius Souza.
Por outro lado, o integrante do grupo diz se surpreender muito com as reações e com a aceitação do público. Como por exemplo, com as pessoas que assistem a um espetáculo teatral pela primeira vez e compreendem bem a linguagem proposta. “Eu quero ver a sala cheia. Mas ter muita gente assistindo nem sempre é mais interessante. Ás vezes, uma sala com dez pessoas, que estejam dialogando com o grupo é melhor.”

Leis de incentivo

Desde a criação da Cia do Chá, os integrantes buscam o respaldo nas Leis de Incentivo à Cultura. Além das muitas burocracias, como a inscrição de um registro (CNPJ) para concorrer a determinados prêmios, Vinícius acredita que a própria linguagem trabalhada nos espetáculos, pode ser um dificultador para os patrocínios.  “O nosso teatro não atinge a massa, e isso tem a ver com o governo fomentar e bancar esse tipo de produção. Então, os grupos, que assim como nós, se enveredam por esses caminhos o fazem por acreditar que o teatro pode ser transformador e que existe algum lugar no mundo mais sensível. É por isso que a gente está lutando, e muitas vezes tirando dinheiro do bolso.” Os prêmios e os patrocínios ganhados pela Cia do Chá, quase sempre ficam restritos a produção dos próprios espetáculos.

 

ed_04_pag_47_01ed_04_pag_47_02

Por Fabiana Senna | Fotos: Divulgação

Voltar para Cadernos

  • Compartilhar:

Última Edição

Edição 14

Maio de 2017

Confira

Colunistas

SARAH PARDINI

Feminilidade

OHARA RAAD

Beleza e Estética

ALAIZE REIS

Engenharia Civil

RONAN GOMES

Língua Portuguesa

LINDOMAR GOMES

Direitos e Cidadania

Viva Grande BH

Rua Getúlio Vargas, 33 Bairro JK - Contagem, MG CEP 32.310-150

Contato

  • Redação: 31 2567.3756
  • Comercial: 31 2564.3755 | 3356.3865

Siga:

Assine nossa Newsletter:

(c) 2009-2010 Todos os direitos reservados. Confira nossas políticas de privacidade.

,