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Edição 05 14/09/2012 ARTIGOS

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A Mídia e os Direitos Humanos

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Ilustração: Elder Marques

O ano de 2010 foi movimentado para os Direitos Humanos. Desde o mês de janeiro assistimos uma pressão enorme dos grandes meios de comunicação em relação ao tema. Chegamos ao ponto da maior rede de televisão do país veicular uma propaganda, estimulando a população a se rebelar contra o suposto “monstro da censura”.

Essa forte campanha foi desencadeada por causa de um decreto que instituiu o III Programa Nacional de Direitos Humanos. Quatro pontos foram duramente criticados pela nossa “doce mídia”: o que trata da Comissão da Verdade que busca fiscalizar as atrocidades cometidas durante a Ditadura Militar, no período de 1964 a 1985; o acompanhamento, por parte do governo, de editoriais de rádio e TV; o que trata da reforma agrária; e a descriminalização do aborto.

Não vamos entrar na discussão a respeito deste último, até porque é muito polêmico, sendo que dentro dos movimentos sociais existem divergências. No entanto, os demais mostram a clareza da sociedade que está em disputa.

De um lado estão os tradicionais meios de comunicação que apoiaram a ditadura, aliás, expandiram durante este período obscuro. Investigar o que aconteceu durante a ditadura, seria um caminho fácil para descobrir as digitais dos principais meios de comunicação que se transformaram no império que são hoje.

Observando os últimos anos político/histórico do país, fica fácil detectar, principalmente por parte da tradicional Rede Globo, como os nossos meios de comunicação influenciaram nas decisões que atingiram toda uma população. Não temos espaço para esmiuçar diversos fatos, mas três são notórios. Em 1982 o Governador eleito pelo voto popular no Estado do Rio de Janeiro foi Leonel Brizola. A Globo fez de tudo para que a vontade popular não prevalecesse. No ano de 1984 a população pedia diretas já, em um ato organizado na cidade de São Paulo, mais de 200 mil pessoas foram às ruas protestar. O “Jornal Nacional” simplesmente filmou o ato sem áudio e anunciou para o restante do país que aquelas pessoas estavam comemorando o aniversário de São Paulo. O outro momento global foi a eleição presidencial de 1989. A disputa estava apertada entre Lula e Collor. A Globo mais uma vez deu sua mãozinha na decisão: editou o ultimo debate e faltando um dia para a eleição, simplesmente colocou no ar os bons momentos de Collor e os piores de Lula no debate.

O III Programa Nacional de Direitos Humanos foi fruto de um amplo debate em toda a sociedade, que foi elaborado após a realização de pelo menos 50 conferências nacionais temáticas. Entre elas, a de Direitos Humanos, Cultura, Segurança Alimentar, Saúde, Habitação, Direitos da Mulher, Igualdade Racial, Juventude, Pessoas com Deficiência, Idosos e Meio Ambientes. Desta ultima, os grandes se afastaram e não quiseram participar do debate. Das demais, eles fizeram vista grossa, o que dificultou muito a informação ser passada à população.

Neste ano de 2012, a pauta da Comissão da Verdade volta à tona. Como parcela, significativa, dos magnatas da comunicação trabalha no sentido de desinformar, com objetivo claro de criar uma sociedade dependente dos economicamente superiores, não podemos aceitar que um programa evoluído como o PNDH - 3, inclusive no eixo da Comissão da Verdade, seja alvo mais uma vez do escárnio daqueles que mais deveriam defendê-lo.

 

Lindomar Gomes

Presidente do Sindicato dos Advogados de Minas

Gerais e Professor de Direitos Humanos

 

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