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Carreirinho da Viola

Edição 02 05/10/2011 ARTE E CULTURA

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Violeiro revelação em Minas Gerais conta sua trajetória de sucesso, superação e conquistas na carreira musical

Certamente você nunca ouviu falar em Clênio Diniz Amaral, nome de batismo do cantor Carreirinho da Viola, artista que vem conquistando, com seu jeito simples e simpatia, um grande espaço entre os admiradores da música de raiz em Minas Gerais. A redação da Revista Viva Grande BH recebeu uma visita do artista para uma entrevista exclusiva. Ele contou toda sua trajetória até chegar ao momento atual de sucesso, que contabiliza uma agenda cheia de shows até o final do ano. Natural de Curvelo, região central de Minas, o cantor teve uma infância simples na Fazenda Bom Sucesso, local onde foi gravada a minissérie Grande Sertão Veredas, exibida pela Rede Globo de Televisão. “Lembro que a emissora arrendou a fazenda e eles não aceitavam nem os donos da fazenda permanecer no local”, destaca.

Carreirinho passou grande parte de sua infância se dividindo entre os estudos e o trabalho na roça. “Somos cinco irmãos, mas o mais bonito sou eu”, brinca o cantor que tem três irmãos e uma irmã. Atualmente reside com sua mãe na cidade de Igarapé, e seu pai, que separou de sua mãe quando ele era criança, já é falecido. Grande incentivadora de seu trabalho foi ela quem escolheu o nome artístico Carreirinho. “Minha mãe falou que eu tinha que escolher um nome para a carreira. Ela sugeriu Tião Fortuna, homenagem ao Tião Carreiro e ao José Fortuna. Aí pensamos bem e não gostamos. Depois ela chegou até a mim e disse que Carreirinho daria certo e por aí já se vão mais de 20 anos”, conta. Estudou até a 8ª série do Ensino Fundamental, e anos mais tarde, já adulto, concluiu uma formação musical, teórica e prática, no Conservatório de Diamantina.

Primeiros acordes

Carreirinho tem a raiz musical no seio familiar. Sua mãe, por exemplo, tocava corneta nas fanfarras no interior de Minas. “Meu avô tinha uma boa condição financeira, mas ele dizia que se eu desejasse comprar alguma coisa eu tinha que trabalhar para conquistar”, conta o artista, que também morou com seus avôs, pais de sua mãe. Com sete anos de idade começou a tocar um violão que havia ganhado, mas sua grande paixão foi descoberta em outro momento.

Na cidade de Curvelo conheceu um homem na porta da igreja, que sempre estava acompanhado de sua viola. “Um dia vi este homem, que se chama senhor Fidelis, tocando a viola. Quando vi ele tocando, foi paixão à primeira vista, me identifiquei com o som e com o visual do instrumento e encabulei”, lembra com detalhes do dia. Carreirinho conta que, ainda criança, resolveu vender o violão que tocava para tentar adquirir uma viola. “Um dia me ofereceram três galinhas e troquei pelo meu violão, que no dinheiro de hoje valeria cerca de R$ 1.500 reais. Eu achava que as galinhas valiam muito dinheiro, como uma vaca, e acabei trocando”, conta.

Apaixonado pela viola, Carreirinho começou a frequentar a casa do senhor Fidelis para o ver tocar. “Ele cantava somente a música Moradia, de Tião Carreiro e Pardinho, que tinha os seguintes dizeres: eu moro lá no recanto, onde ninguém me amola, numa casa ao pé da serra, mora eu e a viola. De tanto ouvir ele cantando esta música eu também aprendi”, brinca. Frequentando a casa do amigo Fidelis quase todos os dias, conseguiu convencê-lo a emprestar a viola. “Na verdade, ele me emprestou outra viola, uma toda remendada com fita. Pra mim era como se eu tivesse comprado um carro do ano. Certo dia ele resolveu vender a sua outra viola e me pediu a viola que estava emprestada de volta. Minha avó pedia para eu devolver, e eu respondia que estava aprendendo. Após muita insistência do Fidelis acabei devolvendo”, conta morrendo de rir.

Com seu esforço e dedicação, Carreirinho despertou a atenção de seu irmão mais velho, que o presenteou com um instrumento novo. “Ele me deu uma viola novinha, cheirosa, bacana. Um amigo, Alexandre Benoni, afinou a viola pela primeira vez para mim. Eu levei ela para casa e fiquei tocando as cordas até decorar a afinação. Hoje eu sei sete afinações diferentes”, revela.
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Momentos de dificuldade

Carreirinho morou em Diamantina, Bom Despacho, Divinópolis e em outras cidades mineiras até se fixar em Igarapé. Sempre acompanhado de sua mãe, grande incentivadora de seu trabalho, nunca desistiu da música, mesmo quando todas as situações indicavam que tudo ia dar errado. “Fui frentista de posto de gasolina, parteiro de criação de porcos e servente de pedreiro. Já morei de favor com minha mãe em casa de parentes, e chegamos a ficar seis meses sem luz, por não ter dinheiro para pagar a conta”, relembra das dificuldades.

Sucesso em Minas Gerais

Desde adolescente, Carreirinho é persistente e busca seu espaço por onde passa. “Quando eu era criança eu cantava muito desafinado e sempre ficava na porta de uma rádio AM em Curvelo para tentar cantar. Eles me diziam que eu ainda não levava jeito. Eu ficava ouvindo as rádios e aprendia a cantar no tom certo, até que um dia me deram uma oportunidade”, conta. Carreirinho tocou viola para várias duplas sertanejas e cantores de Minas Gerais e fez abertura de shows do cantor Sérgio Reis e da dupla Milionário & José Rico. Carreirinho também foi músico do cantor sertanejo Marcelinho de Lima, antes do Marcelinho formar dupla com o cantor Camarguinho, irmão dos cantores Zezé di Camargo & Luciano. Com exclusividade para a Revista Viva Grande BH, Carreirinho revelou que quase formou dupla com Marcelinho de Lima, chegando a cantar algumas vezes com ele.

Novos rumos

No segundo semestre de 2010, Carreirinho começou a despontar para o sucesso e teve sua vida transformada com um grande número de shows, ensaios, participações, entrevistas e assédio das fãs. Neste mês de outubro, com 32 anos de idade, ele inicia a gravação de seu primeiro CD no Stúdio Tríade, em Betim. O projeto do primeiro CD será patrocinado pela COOIG LOG, empresa de logística do segmento de trans-portes da cidade de Igarapé. Quando perguntado sobre o repertório do CD, o cantor diz que não gosta de nada muito programado.

“Eu me sinto mal quando vejo um repertório na minha frente. Meus músicos estão acostumados comigo, então não tem nenhum problema, vai dar tudo certo”, brinca. Carreirinho diz ser uma pessoa de fé e de grande religiosidade. “A religião são nossos atos. Não adianta a pessoa seguir em uma igreja e do lado de fora ser um aborto de coruja, com diz um amigo meu. Sou devoto de São Gonçalo do Amarante”, revela. Segundo Carreirinho os dois grandes sonhos da sua vida é viver de sua música, o que hoje já é possível, e comprar novamente a Fazenda Bom Sucesso para devolver para as mãos de sua família. Sonho, este, que com o apoio de amigos como o empresário Charles Carvalho tende a se consolidar.

Grande admirador de Almir Sater e Renato Andrade, Carreirinho também é compositor. “Eu não gosto de copiar as músicas dos outros e nem os arranjos, gosto de dar a minha cara, o meu jeito às músicas. Eu quero aprender com quem sabe”. Em seus shows, Carreirinho se apresenta acompanhado de outros músicos, que integram sua banda. No repertório ele reveza músicas, histórias e divertidos “causos” dos caipiras. “No show eu faço a viola de concerto, música da Alemanha, Japão, hino nacional brasileiro e imito uma caixinha de música”, explica.

O violeiro confessa que inúmeras foram às vezes que chorou durante um show. “Muitas vezes no meu show eu até choro, ninguém vê, mas eu choro. A viola tem uma energia e uma força espiritual muito grande e a minha música retrata a simplicidade e onde tem simplicidade, tem tudo”. Carreirinho acredita que o destino das pessoas já está escrito por Deus e que só existem dois tipos de música, a boa e a ruim.

Contatos para shows:
(31) 9307-4407 ou 9452-7911
Facebook:
procurar por “Carreirinho da Viola”


Por Fabius Alvim | Foto: Inácio Sertebralhe

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