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Cachorro Velho

Edição 05 14/09/2012 ARTE E CULTURA

 

Cachorro Velho

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Júlio Silveira lança seu primeiro livro em BH
Romance autobiográfico que 
mostra a vida como ela é

Por Emegilda Amélia
Fotos: Emegilda Amélia

Intitulado “Cachorro velho”, livro marca a estreia do mineiro, Júlio Silveira na literatura. Um romance memorialista que relata a trajetória de vida de um indivíduo nascido no sertão nordestino e que termina a vida em uma capital do sudeste, solitário, perdido, sem respostas para os seus desacertos.

O lançamento aconteceu no dia 26 de abril, no Café Book Livraria e Cafeteria, em Belo Horizonte. O evento reuniu cerca de duzentos convidados e personalidades do meio cultural que marcaram presença como a coordenadora do Centro Cultural Letras e Ponto, Dagmar Braga, o médico e poeta Pedro Paulo Marques, o professor Porfírio Cabaleiro Cortizo, o empresário Antônio Augusto dos Santos, a professora Laila Handan, entre outros.

Segundo o editor da obra, Álvaro Gentil, foi uma participação considerada significativa, por se tratar de um escritor estreante no meio literário. Gentil aponta características que expressa às peculiaridades do Júlio Silveira, como a riqueza no emprego das palavras e a leveza textual. “Um escritor autobiográfico, cuja obra transmite muito de si. O Júlio surpreende pela ausência de impacto à primeira vista. Ele tem muita bagagem cultural, mas não ostenta a sua experiência”.

Nascido na capital mineira, Silveira residiu por vinte e oito anos, na cidade de Brumado, no estado da Bahia. Durante essa época ele teve a oportunidade de viajar e conhecer boa parte do mundo, até retornar definitivamente para Belo Horizonte em 1993, onde mora atualmente.

“Vinha organizando velhos apontamentos.
Notas estéreis...”

ed05_pag28_2.jpgEscrever sempre fez parte de sua vida. Através das leituras nascia a vontade de escrever um texto e outro, em meio à rotina profissional. Dos escritos, alguns ele selecionava e passava a limpo. Mas, reconhece que sua experiência pessoal não passava dos textos de natureza técnica, como relatórios e atas de reuniões. “Literatura, escrevo e rasgo; ou escrevo e engaveto”, contou.

Silveira considera que o livro Cachorro Velho nasceu quase por um acaso. As primeiras páginas escritas chegaram às mãos da Dagmar Braga, coordenadora do Centro Cultural Letras e Ponto, que lhe enviou um email demonstrando interesse em ler o desfecho do romance. “A partir daí, não foi possível mais parar. Foram mais de Quatrocentas páginas escritas que, depois, foram descascadas até as duzentas e oitenta e três, da versão final”, declarou.

A primeira oportunidade para editar o livro surgiu no final do ano de 2010, quando a primeira versão ficou pronta. A doutora em literatura e escritora, Lucia Castello Branco fez a primeira leitura e recomendou a edição. Mas, por diversos motivos, o trabalho de edição foi sendo adiado. “Nesse meio tempo, a cada vez que folheava o livro, eu modificava um ou outro ponto, cortava aqui e ali”, relembrou.

Em meados de 2011, ele teve a recomendação da editora Asa de Papel, que atendeu satisfatoriamente suas expectativas, tornando possível a publicação em 2012. “Uma boa escolha. Bons profissionais, que colocam amor no que fazem. Não sei o que ficou melhor, se o texto ou a produção gráfica”.

Mesmo com a experiência de vida e um vasto conhecimento cultural, adquiridos ao longo dos anos, Julio Silveira acredita que para escrever bem, é preciso ler bastante, pois, o exercício da escrita exige conhecimento proveniente de bons autores.

Requer leitura de boa qualidade. “Todo texto literário traz em si um componente de outro texto anterior a ele. O escritor não cria, apenas recria situações e fatos adaptando-os a novas circunstâncias”, expressou.

Silveira se diz um leitor habitual. Lê de tudo, de bons livros, até revista em quadrinhos. Aloísio Azevedo, Graciliano Ramos, Jorge Amado, John Steinbeck e Ernest Hemingwai são alguns dos seus autores preferidos.

“Cachorro Velho”
Uma velhice precoce e solitária

Indagado sobre o significado do nome “Cachorro Velho”, Silveira explicou que a intenção foi fazer uma analogia entre o cão e homem. “O cão de poucos amigos, apegado ao dono. No caso do homem, esse dono é, muitas vezes, o trabalho. Quando ele se vê ocioso, perde o rumo. Vira aquele cão sarnento solitário, cansado, que não ladra, nem morde, mas que incomoda. É o que acontece com o personagem que não soube viver a sua vida, e se vê recluso numa velhice solitária”.

A escritora Lucia Castello Branco destaca na capa do livro sobre o personagem. “O absurdo de um homem ordinário em sua ordinária solidão. O absurdo de homem demasiadamente humano, sem o chão sob seus pés. O absurdo de um cachorro velho, que já não ladra nem morde, mas que sobrevive teimoso, ao tempo ruim, aos meses que se arrastam, ao peso da eternidade”.

 “Um romance que embora apresente uma narrativa inspirada em fatos imaginários apresenta personagens semelhantes aos do cotidiano. Aquele que pode ser encontrado em cada esquina, nos bares, no escritório. O passageiro do banco ao lado, retraído, cinzento quase invisível. O leitor terá em mãos um livro que fala da vida como ela é, e não como gostaríamos que ela fosse”, são algumas características do livro atribuídas por Silveira.

Muito embora a solidão acompanhe a trajetória do personagem, Silveira não a considera normal no ser humano. Ele a vê como sendo, o resultado das opções que a pessoa faz ao longo da vida, muitas vezes equivocadas. “A solidão continuada não é saudável. Temos que estender as mãos e erguer pontes que nos liguem a outras pessoas dispostas a caminhar conosco... Pare de sonhar e vá viver a sua vida enquanto é tempo”, completou.

O livro é dividido em cinquenta e três capítulos curtos, com largo espaçamento entre as margens em cada folha. A intenção segundo o editor, Álvaro Gentil é favorecer a leitura. “É um livro que não é poluído. A leitura flui com muita leveza”, observou.

 

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