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Bem vindo a Baldim!

Edição 07 13/05/2013 CIDADES

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Bem vindo a Baldim!

Por Diogo Silva
Natália Rosa
Fotos: Divulgação


Uma cidade grande, com população pequena. Baldim tem 554,029 km, área bem superior a de Belo Horizonte que tem extensão de 330,954Km. Em compensação o número de habitantes é bastante inferior, típico de cidades interioranas pequenas. Com 7.877 moradores, o município tem uma população 304 vezes menor do que a capital. O que não diminui a rica história de Baldim.

A culinária mineira é famosa por apresentar uma variedade de sabores inconfundíveis. Seja com pratos salgados ou doces, as cidades do estado carregam nas origens as raízes gastronômicas que despertam as mais distintas sensações no paladar. Seja no interior ou região metropolitana, estão espalhados recortes da história cultural que enchem a boca de água de muita gente. Se tratando da zona de maior demografia de Minas Gerais, Baldim se torna uma referência, especialmente, quando os quitutes envolvem açúcar. A cidade é conhecida como o município do doce. Alcunha concebida graças à produção de inúmeros sabores que ultrapassaram as delimitações geográficas de Baldim.
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Vista aérea da cidade de Baldim

De Ubaldino a Baldim

A origem da cidade de Baldim é um “causo” bem característico e peculiar aos traços que ainda se encontram por lá. E não poderia ser diferente... A história da cidade mineira tem sua origem a partir de uma promessa.

Dona Quitéria, uma senhora de 80 anos, casou-se com um mascate português conhecido como Capitão Bernardino Martins de Almeida que acabou herdando, entre outras coisas, a sesmaria de Trindade, quando Dona Quitéria morreu, logo após o casamento.

O mascate, agora proprietário de muitas terras, mandaria construir a Matriz de São Bernardo, realizando assim o sonho de sua falecida esposa. Porém, os planos do capitão mudaram e sete anos mais tarde ele também faleceu, deixando ao seu sobrinho a ordem de dar continuidade as obras já começadas. A construção da igreja deu início em 1853 e apenas 20 anos mais tarde foi concluída. Com isso, as primeiras casas e o comércio começaram a surgir dando origem à vila.

Com o tempo, a passagem de tropeiros pela região tornou-se parada obrigatória. Uma árvore gigantesca apelidada de “Pau Grosso” permitia, devido à sombra que ela formava, um momento de descanso e lazer. No entanto, o padre da época ficou desgostoso com as brincadeiras de mau gosto relacionadas ao nome da árvore e num domingo reuniu a comunidade para derrubar o “Pau Grosso”. Hoje, o local ainda é de lazer, onde fica o Caramanchão, ponto de encontro de casais apaixonados e roda de amigos. Desde então, o lugar recebeu o nome de “Canoa Rachada”, outro marco de parada dos viajantes mascates, a beira do Rio das Velhas.

Não tardou muito e o sitiante lusitano, Sr. Ubaldino, também conhecido como Sr. Balduíno, apareceu por aquelas bandas. Muito querido pelo povo hospitaleiro, ele recebeu uma singela homenagem e a partir dali a cidade traria o nome dele. Como todos os mineiros, a fala arrastada e o engolir das letras ao pronunciar as palavras também eram características daquele povo e o nome Ubaldino foi perdendo as letras até se tornar Baldim. A lenda conta que era mais ou menos assim: - Donde ocê é? A resposta na ponta da língua vinha: - do Baldim.

São Vicente, a referência em Baldim

O Distrito de São Vicente, que se originou de uma das sesmarias, a de Zabelê, tem uma rica história pra contar, pois se destacou tanto, econômica e socialmente, que chegou a ofuscar o brilho da cidade de Baldim, por muitas décadas, gerando desafetos políticos e sociais, negados por alguns, mas evidentes por sua própria história. Tudo aconteceu porque São Vicente sediava uma das Fábricas de Tecidos da Companhia Cedro e Cachoeira, que provia aos seus operários um padrão de vida social de causar inveja aos municípios vizinhos. O pequeno distrito se dava ao luxo, naquela época, de ter uma quadra de esportes, um time de futebol, uma piscina, um clube social, um cinema, uma banda musical, uma boa escola, assistência médica e odontológica, tudo isso com todo o suporte de material e manutenção, técnicos e professores.

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Igreja Matriz

As sesmarias

Não se tem conhecimento de desbravadores, tampouco de índios que pudessem ter habitado a região em tempos remotos.

Terrenos foram supostamente divididos em três grandes sesmarias:

1. Terras do Zebelê (possível proprietário) – por morte, doou as suas terras ao Convento de Macaúbas (localizado em Santa Luzia). Posteriormente, tais terras foram vendidas, dando origem a novas porções de terras e também aos distritos de Amanda e de São Vicente.

2. Sitiante de nacionalidade portuguesa, conhecido por alguns como Preto, por outros como Ubaldino e também como Balduíno. Após a sua morte, as terras foram subdivididas em diversas fazendas.

3. D. Quitéria – não se sabe a sua origem. Casou-se aos 80 anos. Logo morreu, deixando as terras ao seu esposo o jovem lusitano Capitão Bernardino Martins de Almeida. Após a morte de D. Quitéria, o capitão Bernardino enriquece e, em cumprimento de um voto religioso de sua falecida esposa doou 18 alqueires para que a primeira igreja do local fosse construída. A construção da igreja, iniciada em 1853, atraiu habitantes para a região que, por sua vez, começou a se desenvolver. Atualmente, essa igreja construída há aproximadamente um século e meio ainda é a Matriz da Cidade. Com o passar dos tempos, a constante movimentação de tropas e passageiros, a salubridade do clima, a beleza da paisagem e as facilidades de instalação, atraíram novos moradores.

Títulos da cidade

Segundo dados do arquivo da Paróquia, a região teve o primitivo nome de Córrego da Canoa Rachada, denominação oriunda de uma canoa de tamanho avantajado, construída por faiscadores de ouro do Rio das Velhas e que se rachou antes de ser utilizada e foi abandonada às suas margens. Posteriormente, a região passou a ser chamada “Pau Grosso”, oriundo de enorme árvore, um jequitibá gigante, que abrigava os tropeiros que passavam pela região, rumo ao norte. Esta denominação foi conservada por longos anos, permanecendo mesmo após a criação do distrito.

O nome Baldim surgiu em 1917, sendo a deturpação pelo povo do nome de Ubaldino ou Balduino, nome de um dos primeiros moradores do Município, que segundo consta, era um português que morou no extremo do município durante muito tempo.

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Panha de tomates

O crescimento e desenvolvimento

Ainda no século XIX, por iniciativa do Cel. José Dias de Carvalho, fundou-se a Fábrica de Tecidos de São Vicente, com 93 teares, movidos à água cujo maquinário foi trazido em carros de bois. Os lucros escassos e o alto custo de produção levaram a iniciativa ao fracasso, fechando-se a fábrica e deteriorando-se todo o patrimônio. Em 1891, a Fábrica de São Vicente foi adquirida pela Companhia Fiação e Tecidos Cedro & Cachoeira, reiniciando as atividades fabris.

Atualmente, o crescimento do município teve como alicerces a indústria têxtil e a cultura do algodão, no distrito de São Vicente. Com a construção da estrada de ferro Belo Horizonte-Sete Lagoas e a Rodovia Belo Horizonte-Serro, incrementou-se a atividade agrícola e pecuária, ocupando, também, lugar de destaque na economia do município. Atualmente, entre as demais atividades, têm predominância na economia municipal a agricultura, produtos hortifrutigranjeiros, (de posição de destaque, no fornecimento para a CEASA/MG), a pecuária leiteira e a grande produção de doces artesanais e industrial de alta qualidade, que tem contribuído para elevar o progresso do município e ser reconhecida como “Terra do Doce”. Ressaltam-se as indústrias de doces, que abrem um novo horizonte para as famílias rurais, ou seja, aumento da produção de frutas para atender o mercado interno com reflexos na fixação do homem no campo, maior oferta de emprego, aumento da renda familiar, enfim, a melhoria da qualidade de vida da população baldinense. Verifica-se, assim, que o Município de Baldim, ao contrário da quase totalidade da realidade brasileira, grande parte da população, ainda vive do meio rural.

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Doces produzidos na cidade

Natureza de tirar o fôlego

Riquíssima em história, Baldim apresenta um vasto potencial turístico. Belezas naturais que traduzem a biografia da cidade, seja por meio das grutas e ambientes que conseguem inspirar e transmitir paz. Os sítios arqueológicos do período pré-colonial são reconhecidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O reconhecimento e a inclusão do município no Circuito das Grutas das paisagens baldinenses vieram coroar a singularidade arquitetônica natural. A variedade das cavernas, que chegam até a 350 metros de extensão, se mistura com os recursos hídricos e que deixam atrativas as corredeiras. Vistas e cenários deslumbrantes como a gruta onde o rio escoa a água, o chamado Sumidouro; e outras como belas entradas, uma delas remete a uma catedral com altura de 38 metros. Além de belas relíquias históricas e culturais, o turista irá saborear os doces que são fabricados no município. Como há doze indústrias de doces, o visitante tem a oportunidade de saborear doces de frutas e leite.

A história do município pode ser associada a grandes figuras que marcaram a história do Brasil. Nomes como Manuel Borba Gato, Juscelino Kubistchek e Padre Antônio D’Ávila de Curvelo.

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Gruta de Sumidouro de Rótulo

Cenários para esportes radicais

As belezas naturais também trazem um ar rústico que é capaz de estimular adrenalina. O contato com a água e as trilhas radicais já despertaram a atenção de alguns campeonatos como o rally Mitsubishi Outdoor, onde o percurso passou pela gruta de Sumidouro. Outro evento importante foi o Circuito Mineiro de Rally 4 x 4 e o Trilhão Ranca Toco de MotoCross.
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Cultura fundamentada na história

No Arquivo Público Mineiro pode ser encontrada uma gama de documentos históricos inerentes a cidade. Em meio aos arquivos, existe um que remete a uma sesmaria que após ser transformada em fazenda foi modificada em um registro. Registro era um local que funcionava como coletoria de impostos, onde eram responsáveis em cobrar imposto dos mercadores que por esta região viessem a passar. A data mais remota encontrada foi 1772. Dentre os muitos documentos que comprovam a existência do registro, que era como um braço da Coroa portuguesa na região, está o Registro Zabelê, podendo ser encontrado no portal da Receita Federal, no link registro encontra-se a citação do Registro Zabelê.

Mapas, recibos, fotos e um documento importantíssimo, datado de 17 de fevereiro de 1711, já mencionavam o município de Baldim. Neste documento, o primeiro governador da Capitania das Minas Gerais, Antônio Coelho de Albuquerque, enviou uma carta ao proprietário da fazenda Zabelê, notificando que o tenente general Manuel de Borba Gato informando que ele seria o povoador e o explorador das minas do rio das Velhas. Pelos documentos oficiais e por esta carta, pode-se concluir que o município tem no mínimo 302 anos. Porém, como a sesmaria já havia se transformado em fazenda supõe-se que as atividades portuguesas se iniciaram há mais tempo. A carta datada de 17/02/1711, onde cita que Borba Gato exploraria as minas do rio das Velhas, ressalta locais remotos da época, como a lavra de extração, jabuticabeiras com aproximadamente trezentos anos, valas que conduziam água, ruínas de construções antiguíssimas, corredeiras e outros destaques naturais.

Além dos documentos encontrados no APM, livros como: Navegação do rio São Francisco (Fernando da Matta Machado), O Brasil antes dos brasileiros (André Proust), Viagem de canoa de Sabará ao oceano atlântico (Richard Burton), Tiradentes em Sete Lagoas (Marcio Vicente dos Santos), Centenário da Fábrica do Cedro, dentre outros oito mais, são enriquecedores em menções feitas ao município no período colonial e com fatos muito interessantes sobre nossa história.

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A má fama da xistose que serviu de estímulo para o desenvolvimento de medicamento

Historicamente, o município de Baldim foi conhecido como capital da xistose, rótulo que afastou muitos turistas da região e deixava uma má impressão do lugar.

Desde a década de 50 o município é estudado por especialistas no assunto. A primeira vez que houve uma pesquisa por amostragem no município, onde foi detectada uma prevalência de 28,6% de pessoas contaminadas com esquistossomose. Novamente na década de 60, precisamente dez anos depois foi feita outra pesquisa aonde veio a observar o mesmo índice de contágio. Estas pesquisas foram realizadas e publicadas em revistas científicas.

Nesse período, os órgãos competentes se esforçaram para criar um medicamento para combater a patologia. Na década seguinte o município foi alvo de um teste que daria origem a um medicamento que viria combater a xistose. Tendo a frente o Dr. Naftali Katz e Dr. Zigman Brener, foram feitas várias tentativas, mas o que veio a dar resultado satisfatório foi o medicamento MANSIL, que atualmente é utilizado em larga escala para o combate e tratamento da endemia. Hoje, o índice de incidência da esquistossomose no município é de menos de 5%, com isso observa-se uma grande conquista para a saúde pública no município, o que acaba desvinculando o rótulo antigo.

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Curso matemática divertida

Educação no caminho certo

O Programa de Avaliação da Rede Pública de Educação Básica - PROEB vem demonstrar os rendimentos nos conteúdos específicos de Matemática e Língua Portuguesa na Educação Fundamental e no Ensino Médio. O programa vem revelando um progresso na educação em Minas Gerais e no município de Baldim. Para entender melhor como funciona o PROEB é bom que se saiba que as avaliações são distribuídas nas escolas em envelopes selados e somente são abertas na hora da aplicação por professores específicos e os resultados são computados na Língua Portuguesa em valores entre 150 e 350 e em Matemática entre 150 e 400.

Todas as metas foram batidas. Em 2009 tinha como meta para as séries iniciais da Educação Fundamental, alcançar nota 4.8 nas avaliações da Prova Brasil e obteve 5.8, já em 2011 a meta era alcançar 5,2 e obteve 6.0. Desta forma se percebe que o município de fato tem investido e os frutos destes investimentos são demonstrados nas avaliações do Governo Federal e Estadual, garantindo assim uma educação de qualidade. O resultado das avaliações no Estado de Minas Gerais apresentou uma média de 235,1 em Matemática e 217,1 em Língua Portuguesa no 5º ano do ensino Fundamental, enquanto que em Baldim a média alcançada foi surpreendente. A título de exemplo, a Escola Municipal de Vargem Grande (Baldim) na avaliação obteve na avaliação de Matemática uma evolução de 47,23%, onde de 2009 para 2010 pulou de nota 186,5 para 274,6, e em Língua Portuguesa avançou de 188,7 para 249,5, com 32,22% de evolução de um ano para o outro. Revelando que a educação no município tem sido trabalhada de forma descentralizada, escolas rurais, como a Escola Municipal de Sumidouro (Baldim), que obteve a 2ª melhor evolução no rendimento da aprendizagem, saltou em Matemática da nota 207,9 em 2009 para 262,3 em 2010, com uma evolução no ensino de 26,16%.

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Laboratório de informática para os alunos

Estrutura educacional

O município conta com 10 escolas de educação básica, sendo duas estaduais e 8 municipais que atendem da creche ao 5º ano do primeiro ciclo do Ensino Fundamental. As escolas do município contam com laboratórios de informática, sendo as rurais com cinco aparelhos e as urbanas com 19 a 26 computadores. Para garantir o fácil acesso a alunos com necessidades especiais as escolas contam com estrutura física e pedagógica de acessibilidade e inclusão.

Esporte presente nas escolas

Atividades esportivas são desenvolvidas nas escolas e ao final do primeiro semestre, as escolas se reúnem na cidade para participarem dos Jogos Estudantis de Baldim. Neste evento são disputados quatorze modalidades esportivas, como ciclismo, corridas de curta distância, com e sem obstáculos, futsal, peteca, xadrez, e dama. As atividades esportivas envolvem alunos da Educação Infantil até o Ensino Médio do município.

Baldim investe em ações de educação inclusiva

De forma progressiva o atendimento aos alunos com necessidades especiais de aprendizagem vem obtendo significante melhora em Baldim. Com a criação do Centro de Referencia Psicopedagógico - CRPp, proporcionou melhor diagnostico da realidade local. Foi observado que existem 131 alunos espalhados nas escolas do município com necessidades especiais de aprendizagem. Espaço dedicado a apoio às escolas e atendimentos especiais a alunos e familiares.

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Musicalidade trabalhada em escolas rurais

As ações desenvolvidas como projetos de inclusão, como o Jogos Estudantis de Baldim, melhoram a carreira dos profissionais da educação. Outro fator importante é que 100% dos professores têm curso superior e a maioria são pós-graduados.

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